Paris, 11 abr (EFE).- O Governo francês ressaltou nesta segunda-feira que as forças militares do país na Costa do Marfim não entraram em nenhum momento na residência de Laurent Gbagbo e que apenas apoiaram sua detenção, assim como as forças da ONU.
As declarações foram dadas pelo ministro da Defesa francês, Gérard Longuet, quem explicou que os soldados franceses da missão Licorne trabalham agora "no retorno à normalidade" do país africano.
Longuet, quem explicou em entrevista coletiva detalhes sobre a detenção de Gbagbo por parte das forças do presidente eleito, Alassane Ouattara, disse que os militares franceses "não entraram no jardim nem em sua residência".
O ministro acrescentou que os soldados franceses forneceram seu apoio às forças de Ouattara para neutralizar o armamento pesado e os veículos blindados das forças leais a Gbagbo.
Longuet assegurou que as forças francesas não saíram em nenhum momento do mandato das Nações Unidas, que consistia em impedir que as tropas de Gbagbo utilizassem armamento pesado contra a população e em proteger os franceses que vivem no país.
"Nossas tropas prestaram apoio aéreo, com a intervenção de dois helicópteros para destruir blindados, artilharia, morteiros e um canhão", afirmou o ministro.
Acrescentou que agora a situação na capital marfinense é de calma e que a missão encomendada à França pela ONU terminou.
"O objetivo era que o presidente eleito pudesse governar", afirmou o ministro francês.
O chefe do Estado-Maior francês, Edouard Guillaud, negou que as forças especiais francesas tenham entrado em combate nesta operação.
Segundo ele, o Estado-Maior só atuou na Costa do Marfim no fim de semana passado para resgatar o embaixador japonês, cuja residência foi atacada por forças leais a Gbagbo.
Guillaud revelou que Gbagbo se rendeu às tropas de Ouattara na manhã desta segunda-feira.
Os responsáveis franceses afirmaram desconhecer as condições dessa rendição, mas revelaram que Gbagbo foi levado ao Hotel Golf, residência provisória do presidente eleito há quatro meses.
O porta-voz do Estado-Maior, Thierry Burkhard, relatou os detalhes do apoio francês à operação, baseados em bombardeios contra as armas pesadas de Gbagbo, o que permitiu equilibrar as forças, já que o Exército de Ouattara não conta com este tipo de armamento.
Burkhard afirmou que as tropas do presidente eleito tentaram lançar o ataque na noite de domingo, mas que a relação de forças não lhes era favorável e que a escuridão dificultava a operação.
Por isso, esperaram amanhecer para realizar o ataque.
Após a rendição, a França mobilizou soldados em determinados pontos da cidade, inclusive no porto, para evitar enfrentamentos entre as diferentes facções.
Longuet assegurou que agora acredita que Ouattara aplicará o discurso de reconciliação que pronunciou na sexta-feira passada, embora tenha dito que deve colaborar com o Tribunal Penal Internacional se houver motivos para uma investigação.
O ministro afirmou que, com o retorno à normalidade, o dispositivo francês na Costa do Marfim, reforçado nos últimos dias com tropas procedentes de Gabão e Chade, com as quais alcançou 1,7 mil soldados, voltará a contar com apenas 900 militares. EFE