G20 pede para acelerar consolidação fiscal na Europa

Publicado 05.06.2010, 14:07
Atualizado 05.06.2010, 14:42

Maribel Izcue.

Busan (Coreia do Sul), 5 jun (EFE).- O Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes) pediu hoje às nações com "desafios fiscais" que acelerem suas consolidações e cuidem de seu crescimento, em meio a preocupação pelo efeito da crise de dívida na Europa sobre a recuperação global.

Os ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 concluíram hoje um encontro de dois dias em Busan (Coreia do Sul) marcado pelo problema de dívida na zona do euro e o temor de que os efeitos dos severos ajustes orçamentários ultrapassem as fronteiras comunitárias.

"Os recentes eventos sublinham a importância das finanças públicas sustentáveis", que devem ser combinadas com "medidas críveis que favoreçam o crescimento", indicaram os ministros em seu comunicado final.

Todos concordaram que os ajustes devem ser feitos "na medida das circunstâncias nacionais", ao tempo que aplaudiram a ação "decidida" dos Governos para enfrentar os problemas de dívida na Eurozona, incluindo as medidas da Espanha, Grécia e Portugal.

A ministra de Economia espanhola, Elena Salgado, que representou à Presidência rotativa da União Europeia, se mostrou favorável a "rápida" consolidação fiscal na Europa, mas sem excessos e acompanhada de reformas estruturais que potencializem o crescimento.

Ao término da reunião, no entanto, o ministro de Finanças sul-coreano e anfitrião do encontro, Yoon Jeung-hyun, expressou sua preocupação ao considerar que a situação na zona do euro está atrasando, "indiretamente", as estratégias de recuperação de algumas nações.

Outros, como o titular de Finanças argentino, Amado Boudou, consideraram que se colocou "ênfase demais" na consolidação fiscal.

"É claro que é importante", mas "acreditamos que é preciso seguir mantendo estímulos à demanda", afirmou Boudou em entrevista coletiva.

Neste sentido, o G20 reconheceu que junto com os esforços para acelerar a redução do déficit é necessário seguir fomentando o crescimento.

Uma consolidação fiscal mais rápida "no início terá um efeito negativo, mas a médio prazo é positiva para o crescimento", indicou ao fim do encontro o diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn.

O responsável do FMI disse que, para enfrentar os efeitos no curto prazo dos ajustes na Europa, é necessário "reequilibrar o crescimento doméstico nas economias emergentes", chave para a reativação econômica.

O governador do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, afirmou que houve um entendimento "muito bom" das medidas adotadas pela Europa, amparadas, disse, como "uma das melhores formas da União Europeia para restaurar a confiança".

Insistiu em que o propósito é "ser sustentável", e que as medidas de ajuste "reforçarão a confiança e ajudarão a consolidar a recuperação".

A reforma do sistema fiscal foi outro ponto central das discussões, mantidas em um hotel da cidade portuária de Busan.

"É necessária maior transparência nos balanços bancários, assim como melhorias no modo de governar as empresas financeiras", indicou o comunicado.



Houve acordo para fechar até o fim deste ano, previsivelmente na Cúpula do G20 em Seul em novembro, novas normas para melhorar os standards de capital e liquidez dos bancos.

Não se chegou ao consenso, entretanto, na questão referente à criação de uma taxa bancária global, destinada a recuperar o dinheiro gasto no resgate das entidades financeiras e para ter fundos para cobrir hipotéticos resgates no futuro.

A definição da taxa é apoiada pelos EUA e a Europa, enquanto Canadá, Austrália e os países emergentes a rejeitam, por considerarem que pode abafar o crédito.

Embora muito debatida nos dias prévios à reunião, a possibilidade do encargo não foi mencionada no comunicado final, que indicou só que "o setor financeiro deve dar uma contribuição justa e substancial dirigida ao pagamento da carga associada aos Governos".

O G20 é formado pelos membros do Grudo dos Oito (G8, EUA, Canadá, Reino Unido, Rússia, Itália, França, Reino Unido e Alemanha, os países mais ricos do mundo), além da União Europeia (UE), Coreia do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, China, a Índia, Indonésia, México, Arábia Saudita, África do Sul e Turquia. EFE

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