Buenos Aires, 6 mar (EFE).- O Governo argentino se mostrou hoje
inflexível em negociar com a oposição uma saída para o conflito
institucional surgido com a decisão do Executivo de usar reservas
monetárias do Banco Central para pagar dívidas soberanas.
"Há coisas que são inegociáveis", disse o ministro do Interior
argentino, Florencio Randazzo, depois que alguns veículos de
imprensa locais publicaram hoje que o Governo estava disposto a
abrir canais de negociação com os opositores para descer o tom da
briga.
O conflito começou em dezembro passado, quando a presidente
argentina, Cristina Fernández de Kirchner, decretou a criação de um
fundo para pagar dívidas a partir de US$ 6,569 bilhões de reservas
monetárias, algo negado pelo então titular do Banco Central, Martín
Redrado, que acabou sendo destituído, em decisão rejeitada pela
Justiça.
Mas a crise cresceu na segunda-feira, a presidente aboliu o
primeiro decreto e assinou outros dois, um destinando US$ 2,187
bilhões de reservas para o pagamento a organismos multilaterais e
outro de US$ 4,382 bilhões para cancelar compromissos com credores
privados.
As reservas foram movimentadas na mesma segunda-feira. Porém, na
quinta-feira, a Justiça argentina freou a aplicação do decreto
destinado ao pagamento a credores privados. A oposição, com maioria
em ambas as câmaras do Parlamento, se prepara para anular a medida
na próxima semana.
Também na quinta-feira, em um duro discurso em cadeia nacional,
Cristina demonstrou que desafiaria as decisões judiciais e a atitude
da oposição.
"Há uma clara intenção da oposição de não deixar governar", disse
hoje Randazzo em declarações à "Radio 10", de Buenos Aires.
"Se há um projeto de lei que tem o mesmo sentido que o decreto de
necessidade e urgência, que o proponham. Tem que permitir honrar as
dívidas do país ao menor custo possível e nós vamos acompanhá-lo",
acrescentou o ministro. EFE