Governo descarta restringir investimentos diretos após elevar IOF

Publicado 29.03.2011, 16:09

Rio de Janeiro, 29 mar (EFE).- O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou nesta terça-feira que o Governo possa adotar restrições aos investimentos diretos estrangeiros após anunciar medidas para inibir as captações de recursos das empresas no exterior, uma tentativa de frear a apreciação do real frente ao dólar.

"O investimento não vai ser moderado, porque o investimento é bom, mas nós podemos moderar os demais ingressos, de modo que em 2011 não haja uma apreciação do câmbio brasileiro", afirmou o ministro em entrevista coletiva.

Mantega explicou que os empréstimos externos com prazo de menos de um ano captados por empresas e bancos - inclusive pelo lançamento de títulos - foram restritos porque vinham crescendo muito e aumentando a pressão sobre o câmbio.

A queda do dólar, de quase 50% nos últimos dois anos, vem impulsionando as importações e diminuindo a competitividade das exportações brasileiras, o que se transformou em um dos maiores desafios para a indústria nacional.

Segundo o ministro, as empresas realizaram no primeiro trimestre do ano captações externas de US$ 26,6 bilhões, valor 140% maior que no mesmo período de 2010.

Mantega admitiu que os investimentos diretos estrangeiros também subiram no período, chegando a US$ 12,5 bilhões, mas destacou que eles não preocupam tanto o Governo porque são benéficos ao país.

Ele disse que o ano começou com um fluxo muito elevado de investimentos diretos e de empréstimos no exterior, o que faria necessário moderá-lo, mas sem restringir os investimentos.

O ministro afirmou, no entanto, que os investimentos diretos estrangeiros serão examinados "com lupa" para determinar se realmente estão voltados à produção, e não à especulação.

Mantega reconheceu que o Governo não espera uma depreciação imediata do real, após as medidas anunciadas nesta terça-feira.

A medida anunciada nesta terça-feira eleva para 6% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as captações das empresas no exterior, o que representa uma tentativa do Governo de conter a apreciação do real frente ao dólar.

A medida estabelece que a taxa de 6% do IOF será cobrada sobre essas captações no exterior com prazos de vencimento superior a 90 dias. Os empréstimos ou lançamentos de papéis no exterior que tenham vencimento de mais de 360 dias continuarão isentos.

O ministro esclareceu que o Governo não busca prejudicar as empresas que realizam empréstimos a longo prazo para financiar seus investimentos, mas sim as que tomam empréstimos a curto prazo para se beneficiar dos altos juros no país.

"Não queremos prejudicar a produção e também as (empresas) que captam no exterior para investimentos de médio e longo prazos", declarou. "Há um movimento muito forte de tomada de crédito no exterior", acrescentou.

Segundo ele, além de diminuir a entrada de dólares e reduzir a pressão sobre o câmbio, o Governo também pretende diminuir o endividamento de empresas brasileiras no exterior e impedir que esses recursos pressionem a inflação no Brasil.

"Não queremos que haja um grande endividamento no exterior. É uma medida prudencial, além de tentar atenuar esse fluxo de dólares, que é muito forte", destacou Mantega. EFE

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