Brasília, 29 ago (EFE).- O Governo Federal anunciou nesta segunda-feira um aumento de sua meta de superávit primário para este ano, com o fim de evitar que a crise financeira internacional tenha impacto na economia brasileira.
A medida foi anunciada em entrevista coletiva concedida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que justificou a decisão como forma de consolidar a situação fiscal do país.
O governo se propunha inicialmente terminar o ano com uma economia de R$ 117,8 bilhões, meta que foi elevada a R$ 127,8 bilhões.
Segundo o ministro, esse corte de gastos representa entre 0,25% e 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, e o ajuste eleva o superávit fiscal primário fixado para este ano a cerca do 3,3% do PIB.
O esforço anunciado nesta segunda-feira está praticamente garantido devido ao fato de o Brasil ter acumulado nos primeiros sete meses do ano um superávit fiscal primário de R$ 91,979 bilhões, o maior para o período no país.
O superávit primário, que é utilizado pelo governo como referência para sua política fiscal, é a diferença entre a receita e a despesa de todo o Estado, incluindo estatais e governos regionais e municipais, sem levar em conta os recursos destinados ao pagamento de juros da dívida pública.
Mantega esclareceu que o corte nas despesas foi decidido pela presidente Dilma Rousseff como medida preventiva diante da situação internacional, e não porque o país já esteja sentindo os efeitos da crise.
O ministro acrescentou que o Brasil está mais bem preparado para enfrentar a crise agora do que em 2008 e que atualmente possui mais reservas internacionais e um depósito compulsório bancário mais amplo do que na ocasião.
Segundo Mantega, a economia extra afetará exclusivamente as despesas correntes (manutenção do funcionamento do Estado) e não o investimento e poderá permitir que o Banco Central comece a reduzir as taxas de juros, que estão entre as mais altas do mundo em termos reais e elevam os custos da dívida pública.
O titular da Fazenda destacou ainda que o ajuste brasileiro é diferente dos anunciados por vários países europeus com graves problemas de dívida, que incluem cortes no investimento e nos gastos sociais. EFE