Grécia continuará em recessão em 2012 com uma dívida de 170% do PIB

Publicado 03.10.2011, 14:19
Atualizado 03.10.2011, 14:51

Adriana Flores Bórquez.

Atenas, 3 out (EFE).- A Grécia não se levanta, e além de descumprir com as metas do déficit, continuará em recessão em 2012 pelo quarto ano consecutivo, enquanto a dívida pública superará 170% do Produto Interno Bruto (PIB), em consequência das medidas de austeridade impostas pelo Governo em uma tentativa desesperada de sair da crise.

Assim anuncia o projeto de orçamentos enviados nesta segunda-feira ao Parlamento, nos quais se prevê uma retração econômica de 5,5% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e 2,5% em 2012.

Paralelamente, o Governo calcula uma dívida pública de 172,7% do PIB no próximo ano, com um volume de 381,2 bilhões de euros, 17 bilhões a mais que este ano.

Estes dados são o contraponto e a consequência das severas medidas adotadas por Atenas para reduzir o déficit, que passou de 15,6% em 2009 até 8,5% este ano.

Para alcançar a meta de descer o déficit 6,8% em 2012 será necessário arrecadar 7,11 bilhões de euros adicionais.

O Conselho de Ministros grego reconheceu no domingo que o buraco nos orçamentos para este ano é de 4,3 bilhões de euros, que representam 2% do PIB.

Os fundos adicionais devem proceder do aumento de impostos e do corte de gastos do Estado até o fim de 2012.

A taxa de desemprego alcançará 15,2% este ano, com mais de 800 mil trabalhadores desempregados, e chegará até 16,4% em 2012.

A Confederação de Funcionários Públicos (Adedy) afirma que os empregados já perderam 40% de seu poder aquisitivo pela crise, e agora será somada outra perda de entre 20 e 40% com as novas medidas que o Governo pretende impor.

Em protesto, junto com a confederação de trabalhadores do setor privado (GSEE), foi anunciada uma nova greve geral de 24 horas para a próxima quarta-feira e outra para o dia 19 de outubro.

As medidas governamentais incluem a eliminação de pagamentos extraordinários para funcionários e a obrigação de pagamentos de impostos a partir dos 5 mil euros de renda anuais, em vez dos 12 mil euros atuais.

A suspensão de várias isenções de impostos representará em 2012 cerca de 1,95 bilhões e um novo imposto sobre a propriedade apresentará outros 1,7 bilhões de euros este ano e 1,8 bilhões no próximo ano.

A Adedy destacou que pela primeira vez em um século a Grécia viverá demissões de funcionários, com o acordo do Governo de reduzir o setor em 30% até 2015, e pôr em situação de "reserva", ou seja, a um passo da demissão ou da aposentadoria antecipada, cerca de 150 mil funcionários.

Os primeiros afetados nos próximos três meses serão cerca de 30 mil funcionários maiores de 60 anos e a dois anos da aposentadoria, para economizar 300 milhões de euros ao ano.

O porta-voz do Governo, Ilias Mossialos, afirmou nesta segunda-feira à emissora de televisão "Vima" que "o próximo ano haverá uma nova onda de funcionários que passarão à 'reserva'".

Segundo informou nesta segunda-feira o Ministério das Finanças grego, os orçamentos serão discutidos nos próximos dias na Comissão Permanente de Assuntos Financeiros e votados pela Assembleia plenária no fim deste mês.

Evangelos Venizelos viajou a Luxemburgo para apresentar a seus parceiros do Eurogrupo as intenções da Grécia de fazer o possível para reduzir o déficit, e fez uma previsão de um superávit primário de 1,5% do PIB, equivalente a cerca de 3,2 bilhões de euros.

A Grécia depende do resgate de 110 bilhões que a zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) lhe concederam em maio de 2010, e dos quais Atenas já cobrou cerca de 65 bilhões de euros.

Agora, o país espera que os credores lhe entreguem o sexto lance de 8 bilhões indispensáveis para pagar salários e pensões no mês de outubro, mas a decisão não acontecerá antes que a "troika" (FMI, Banco Central Europeu e União Europeia) elabore um relatório sobre os esforços do país, que será analisado pelo eurogrupo.

Na reunião desta segunda-feira em Luxemburgo, a Grécia espera receber uma mensagem positiva quanto ao segundo resgate, decidido em julho, de cerca de 109 bilhões por parte de seus parceiros e do FMI, somados a outros 50 bilhões dos bancos privados, para evitar a quebra. EFE

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