Atenas, 29 jul (EFE).- Centenas de transportadores que se
concentraram desde a madrugada nos arredores do Ministério de
Infraestrutura da Grécia foram dispersados com gás lacrimogêneo hoje
em Atenas pelas brigadas antidistúrbios.
O enfrentamento aconteceu em meio a uma grande tensão ocasionada
pela decisão do Governo socialista que os obrigou a suspender a
greve que mantinham há quatro dias.
Os protestos das transportadoras respondem à decisão do Governo
de Papandreu de liberar o monopólio dessa profissão, com um projeto
de lei que será levado ao Parlamento em setembro.
A greve das transportadoras causou um colapso no abastecimento de
combustível no país, e afetou outros setores como o turismo, o
funcionamento de indústrias e o transporte.
A área mais afetada é o norte do país, onde 100 mil turistas
enfrentaram problemas de escassez de gasolina e não podem voltar
para seus países. As autoridades do aeroporto de Salônica informaram
que os aviões que efetuam voos internos também ficarão sem
combustível caso a greve continue.
As exportações também foram afetadas, já que 42% delas são feitas
por transporte terrestre. A cada dia que permanecem inativos,
perdem-se entre 20 e 25 milhões de euros, segundo números do setor.
O negócio de aluguel de carros nos lugares turísticos também está
sofrendo as consequências, dado que se alugam ao dia 10 mil veículos
em Atenas e outros 40 mil no resto do país na alta temporada.
Segundo a imprensa local, muitos turistas se viram obrigados a
deixar os carros em outros pontos do país e tiveram que retornar a
Atenas para tomar seus voos utilizando outros meios de transporte
por falta de gasolina.
Os analistas locais asseguram que o resultado das negociações
entre o Governo e os representantes das transportadoras servirá para
ver como os setores afetados perante a decisão do executivo de
suprimir as profissões monopolizadas reagem, como os advogados,
farmacêuticos, notários, taxistas, entre outros.
O ministro de Transporte, Dimitris Repas, disse hoje que "o único
que não é negociável com as transportadoras é a liberação das
profissões", respondendo aos requerimentos da União Europeia e ao
programa de mudanças da administração do país imposta pelo mecanismo
europeu de ajuda externa para que Grécia corrija seu desperdício
fiscal e se modernize.
Os protestos dos transportadores somaram-se aos problemas
causados no começo da semana por uma greve de parte dos
controladores aéreos que modificou centenas de voos e cancelou
outros tantos.
Também unem-se aos protestos os funcionários civis que mantiveram
os sítios arqueológicos fechados por alguns dias, o que está
afetando o turismo, a principal fonte de renda do país,
representando mais de 17% do Produto Interno Bruto (PIB). EFE