Gotson Pierre.
Porto Príncipe, 12 jul (EFE).- O presidente haitiano, René
Préval, ressaltou hoje a grande desproporção existente entre os
fundos necessários para a reconstrução do Haiti e os recebidos até o
momento, e previu que o processo de reconstrução "não será fácil".
Préval fez estas considerações em um ato que lembrou os seis
meses transcorridos do terremoto que castigou a capital, Porto
Príncipe, e várias cidades próximas. A tragédia deixou 300 mil
mortos, outros tantos feridos e 1,2 milhão desabrigados.
O líder enfatizou que apenas para tirar os escombros das casas
destruídas será necessário US$ 1,5 bilhão, mas as doações se situam
em US$ 35 milhões e o apoio ao orçamento nacional só chega a US$ 16
milhões.
O chefe de Estado anunciou oficialmente o lançamento da fase de
reconstrução para "eliminar as barracas", onde residem os
desabrigados desde o dia da tragédia.
"A ideia é trabalhar com a população (...), ver suas dificuldades
(...) e criar um modelo que possa ser reproduzido" em todos os
acampamentos, declarou Préval, que enfatizou que é realizado um
"trabalho sistemático e sério".
Durante o ato, no qual foram homenageadas as vítimas do tremor e
pessoas de diferentes setores que prestaram socorro durante o
período de máxima urgência, Préval destacou que "cuidar durante seis
meses de 1,2 milhão de pessoas que perderam suas casas não foi
fácil".
O primeiro-ministro, Jean Max Bellerive, anunciou que em breve
apresentará os "grandes projetos vinculados à reconstrução" do Haiti
e ressaltou a necessidade de conseguir "mais coordenação, mais
diálogo e troca para executar um plano único".
Também antecipou que em 22 de julho a Comissão Interina para a
Reconstrução do Haiti (CIRH) realizará uma avaliação dos recursos
disponíveis para iniciar seu plano de reconstrução do país e
mostrará os resultados esperados.
Por sua parte, o enviado das Nações Unidas para o Haiti, Bill
Clinton, expressou a necessidade de uma maior quantidade de
especialistas para ajudar na reconstrução da nação caribenha.
Além disso, qualificou a ajuda de Cuba e Venezuela como uma
"grande contribuição".
Clinton destacou, como já o fez em junho na reunião sobre o
futuro do Haiti realizada em Punta Cana, no leste da República
Dominicana, que o tema da empobrecida nação é possivelmente o único
em que Venezuela, Cuba e Estados Unidos estão de acordo.
O ex-líder também destacou o notável avanço do Haiti, seis meses
depois do terremoto, com relação a outras grandes catástrofes, como
o tsunami da Indonésia em 2004.
A cerimônia dos seis meses do terremoto foi aproveitada também
por organizações internacionais para fazer balanço da situação no
Haiti.
A ONU destacou de Genebra a necessidade de alojar as pessoas que
vivem em acampamentos improvisados. A organização estimou que o
processo de reconstrução não acabará antes de sete anos.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por sua vez,
chamou a atenção sobre os desafios para cobrir as necessidades de
mais de 800 mil crianças prejudicadas e suas famílias, que "seguem
sendo enormes".
A situação do Haiti também foi abordada em Washington em um
encontro entre o presidente americano, Barack Obama, e o da
República Dominicana, Leonel Fernández.
Ao término da reunião, Obama disse que em boa parte da conversa
foi abordada a questão de "como facilitar uma resposta rápida" para
agilizar a assistência no Haiti.
Nesse sentido, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton,
garantiu em comunicado que a determinação do Governo de seu país de
"apoiar os haitianos não diminuiu".
"Estamos comprometidos em ajudar a tornar realidade a visão
haitiana de uma nação melhor", sustentou.
Entre os homenageados durante os atos realizados em Porto
Príncipe, estão o chefe-civil da Missão de Estabilização das Nações
Unidas no Haiti (Minustah), o guatemalteco Edmond Mulet, o ator
americano Sean Penn e seu compatriota jornalista e escritor Anderson
Cooper.
A Cruz Vermelha Internacional, o setor de saúde local, a brigada
médica de Cuba, socorristas locais e estrangeiros, assim como
líderes de acampamentos e ministros haitianos também foram
mencionados. EFE