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Haiti ressalta desproporção entre fundos necessários e recebidos

Publicado 12.07.2010, 20:33
Atualizado 12.07.2010, 21:42

Gotson Pierre.

Porto Príncipe, 12 jul (EFE).- O presidente haitiano, René Préval, ressaltou hoje a grande desproporção existente entre os fundos necessários para a reconstrução do Haiti e os recebidos até o momento, e previu que o processo de reconstrução "não será fácil".

Préval fez estas considerações em um ato que lembrou os seis meses transcorridos do terremoto que castigou a capital, Porto Príncipe, e várias cidades próximas. A tragédia deixou 300 mil mortos, outros tantos feridos e 1,2 milhão desabrigados.

O líder enfatizou que apenas para tirar os escombros das casas destruídas será necessário US$ 1,5 bilhão, mas as doações se situam em US$ 35 milhões e o apoio ao orçamento nacional só chega a US$ 16 milhões.

O chefe de Estado anunciou oficialmente o lançamento da fase de reconstrução para "eliminar as barracas", onde residem os desabrigados desde o dia da tragédia.

"A ideia é trabalhar com a população (...), ver suas dificuldades (...) e criar um modelo que possa ser reproduzido" em todos os acampamentos, declarou Préval, que enfatizou que é realizado um "trabalho sistemático e sério".

Durante o ato, no qual foram homenageadas as vítimas do tremor e pessoas de diferentes setores que prestaram socorro durante o período de máxima urgência, Préval destacou que "cuidar durante seis meses de 1,2 milhão de pessoas que perderam suas casas não foi fácil".

O primeiro-ministro, Jean Max Bellerive, anunciou que em breve apresentará os "grandes projetos vinculados à reconstrução" do Haiti e ressaltou a necessidade de conseguir "mais coordenação, mais diálogo e troca para executar um plano único".

Também antecipou que em 22 de julho a Comissão Interina para a Reconstrução do Haiti (CIRH) realizará uma avaliação dos recursos disponíveis para iniciar seu plano de reconstrução do país e mostrará os resultados esperados.

Por sua parte, o enviado das Nações Unidas para o Haiti, Bill Clinton, expressou a necessidade de uma maior quantidade de especialistas para ajudar na reconstrução da nação caribenha.

Além disso, qualificou a ajuda de Cuba e Venezuela como uma "grande contribuição".

Clinton destacou, como já o fez em junho na reunião sobre o futuro do Haiti realizada em Punta Cana, no leste da República Dominicana, que o tema da empobrecida nação é possivelmente o único em que Venezuela, Cuba e Estados Unidos estão de acordo.

O ex-líder também destacou o notável avanço do Haiti, seis meses depois do terremoto, com relação a outras grandes catástrofes, como o tsunami da Indonésia em 2004.

A cerimônia dos seis meses do terremoto foi aproveitada também por organizações internacionais para fazer balanço da situação no Haiti.

A ONU destacou de Genebra a necessidade de alojar as pessoas que vivem em acampamentos improvisados. A organização estimou que o processo de reconstrução não acabará antes de sete anos.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por sua vez, chamou a atenção sobre os desafios para cobrir as necessidades de mais de 800 mil crianças prejudicadas e suas famílias, que "seguem sendo enormes".

A situação do Haiti também foi abordada em Washington em um encontro entre o presidente americano, Barack Obama, e o da República Dominicana, Leonel Fernández.

Ao término da reunião, Obama disse que em boa parte da conversa foi abordada a questão de "como facilitar uma resposta rápida" para agilizar a assistência no Haiti.

Nesse sentido, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, garantiu em comunicado que a determinação do Governo de seu país de "apoiar os haitianos não diminuiu".

"Estamos comprometidos em ajudar a tornar realidade a visão haitiana de uma nação melhor", sustentou.

Entre os homenageados durante os atos realizados em Porto Príncipe, estão o chefe-civil da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), o guatemalteco Edmond Mulet, o ator americano Sean Penn e seu compatriota jornalista e escritor Anderson Cooper.

A Cruz Vermelha Internacional, o setor de saúde local, a brigada médica de Cuba, socorristas locais e estrangeiros, assim como líderes de acampamentos e ministros haitianos também foram mencionados. EFE

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