Marcelo Nagy.
Budapeste, 5 jun (EFE).- O novo Governo conservador da Hungria
tentou hoje tranquilizar os ânimos nos mercados internacionais e
assegurou que a situação econômica do país está estabilizada e não
existe risco de falência.
Mihaly Varga, presidente da comissão governamental que investiga
o estado real da economia da Hungria, manifestou diante da imprensa
em Budapeste que "a situação está estabilizada".
O secretário de Estado acrescentou que os comentários de vários
políticos de seu partido, o conservador Fidesz, sobre uma possível
quebra da Hungria, foram "exagerados" e "infelizes".
Um porta-voz do Governo tinha advertido que o déficit público do
país poderia ser mais elevado do que o esperado, o que derrubou as
bolsas europeias.
Outro dirigente do governante partido Fidesz, Lajos Kosa,
comparou a situação da Hungria com a da Grécia, sobretudo quanto à
possível manipulação de dados econômicos.
O índice geral da Bolsa de Budapeste caiu 3,3%, enquanto a moeda
húngara, o forint, recuou 2% com relação ao euro, menor nível no
ano.
Diante desta situação, o Banco Nacional da Hungria (MNB)
interveio ontem à tarde, assegurou que a economia do país está em
vias de recuperação e previu para o ano 2010 um déficit fiscal de
4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto constatou uma
"considerável melhoria" nos balanços de pagamentos.
Nesse sentido, Varga disse que o plano do Governo continua sendo
alcançar um déficit de 3,8%, como estava previsto pelo anterior
executivo e a Comissão Europeia.
Para isso "é necessário atuar imediatamente" e realizar mudanças
estruturais, acrescentou o dirigente do Fidesz, embora tenha
destacado que o financiamento da dívida pública húngara não está em
perigo.
Conforme analistas húngaros, as palavras dos políticos
conservadores sobre a possível quebra "eram de uso interno" no meio
da turbulência política que atinge o país há anos.
Varga disse hoje que a comissão identificou a "existência de
grandes diferenças" entre os dados publicados pelo Governo anterior
e "a realidade".
Fontes do Governo húngaro tinham advertido nos últimos dias sobre
a possibilidade de que o déficit fiscal chegasse a 7,5% do PIB nesse
ano.
Para dar exemplos sobre as diferenças, Varga enumerou hoje as
receitas de impostos, as despesas do setor público, as despesas
geradas pelas companhias públicas de transporte, como a companhia
aérea Malev, a ferroviária MAV e o transporte urbano de Budapeste,
assim como os números da seguridade social.
"O Governo de Bajnai (Gordon) mentiu e não apresentou a
realidade", enfatizou o secretário de Estado e acrescentou que vai
determinar "quem são os responsáveis" pela publicação dos números
maquiados.
Hungria é um dos países mais afetados pela crise financeira de
2008 e em outubro desse mesmo ano teve de pedir empréstimo
internacional de 20 bilhões de euros ao Fundo Monetário
Internacional (FMI), ao Banco Mundial (BM) e à União Europeia para
evitar a falência.
O Governo do economista independente Gordon Bajnai, que governou
durante um ano, até abril de 2010, introduziu uma série de severas
medidas para estabilizar as contas públicas.
Os especialistas do Governo húngaro receberão na próxima semana
uma delegação do FMI para analisar a situação.
O novo primeiro-ministro, Viktor Orban, tinha assegurado após sua
vitória eleitoral que renegociará as condições do pagamento da
dívida, para ganhar margens de manobra para sua própria gestão. EFE