Sana, 23 mar (EFE).- O governo do Iêmen fechou nesta quarta-feira o escritório da rede de televisão "Al Jazeera" na capital Sana e retirou a licença de trabalho de seus correspondentes por acusação de "falta de credibilidade e imparcialidade" na cobertura dos protestos ocorridos no país.
Um dirigente governamental, não identificado, informou em comunicado divulgado pela imprensa local que a emissora "persistiu de maneira flagrante em desvirtuar os fatos e propagar mentiras e rumores sobre o que acontece no Iêmen".
"Entre essas mentiras - indicou a fonte - estão notícias sobre demissões fictícias de embaixadores, diplomatas, altos comandantes militares e líderes iemenitas".
Além disso, acusou os correspondentes da "Al Jazeera" de "exagerar nos fatos para provocar confusão e caos na população iemenita e transmitir uma má imagem aos telespectadores árabes e estrangeiros".
O dirigente advertiu também que o governo iemenita tem o direito de processar judicialmente a emissora "pela atividade contrária à unidade, a estabilidade e a segurança do Iêmen, ao instigar a intolerância e a violência em uma tentativa de gerar uma guerra civil".
Nesse contexto, a mesma fonte responsabilizou a Al Jazeera "pela violência e o sangue derramado nas ruas iemenitas".
Entre as "falsidades" divulgadas, segundo a fonte, está uma fita de vídeo que mostra casos de torturas em uma prisão iraquiana, mas que a rede de televisão indicou que se tratava de incidentes durante um motim no último dia 6 em um presídio de Sana.
A "Al Jazeera" pediu nesta quarta-feira desculpas pela transmissão desse vídeo, e disse que ele foi gravado em "uma prisão de outro país".
No dia 19 de março, as autoridades iemenitas expulsaram do país dois correspondentes dessa emissora que haviam sido enviados ao Iêmen para cobrir as manifestações que exigem a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh.
Os dois jornalistas foram expulsos por trabalhar de maneira ilegal ao infringirem as normas do Ministério de Informação, já que entraram no país com vistos de turista.
O Iêmen é palco de fortes protestos políticos desde o dia 27 de janeiro, que forçaram Saleh a decretar estado de emergência no país e a garantir que deixará seu cargo antes do fim deste ano. EFE