Jairo Mejía.
Osaka (Japão), 17 mar (EFE).- O iene chegou nesta quinta-feira a seu nível mais alto na comparação com o dólar desde o fim da Segunda Guerra Mundial movido pela expectativa de uma grande injeção de recursos no Japão para financiar a reconstrução do país após o terremoto da última sexta-feira e a posterior crise nuclear.
Os movimentos especuladores no mercado levaram em conta o grande volume de fundos em ienes que o governo e as empresas japonesas terão que utilizar para financiar uma recuperação que deverá ser longa e cara.
O terremoto de magnitude 9, o maior no Japão em 140 anos, e a crise na usina nuclear no complexo de Fukushima Daiichi alimentaram as especulações nos mercados assim como as ocorridas após o grande terremoto de Kobe de 1995, que no entanto não tiveram o alcance da atual tragédia.
O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, disse hoje que estas oscilações repentinas no valor do iene se devem a comportamentos "extremamente especulativos" e sem "nenhuma base", e desmentiu que as seguradoras japonesas estejam repatriando fundos do exterior.
Já o Banco do Japão (BOJ) tentou hoje diminuir o pânico dos investidores na Bolsa de Tóquio com uma injeção de 6 trilhões de ienes (54,534 bilhões de euros) pelo quarto dia consecutivo, o que eleva o volume dos fundos utilizados para encorajar os mercados desde a última segunda-feira para 34 trilhões de ienes (309 bilhões de euros).
O amplo leque de liquidez disponibilizado pelo Japão para tranquilizar os investidores após o terremoto conseguiu hoje reduzir a intensidade das quedas do índice Nikkei para 1,5%.
Após perder desde segunda-feira cerca de 7%, a Bolsa de Tóquio parece ter amenizado suas abruptas quedas, embora a situação de incerteza vivida pelo Japão não permitam antecipar uma solução fácil.
Os especialistas acreditam que o país fará uma grande intervenção no mercado de divisas para frear as altas do iene e permitir que a Bolsa se recupere de suas quedas, enquanto os exportadores esperam que uma moeda japonesa mais frágil favoreça suas vendas.
Na manhã de sexta-feira em Tóquio, Noda se reunirá por teleconferência com os ministros de Finanças e chefes de Bancos Centrais do G7 para analisar o impacto do grande terremoto de Tohoku de 11 de março e de suas consequências, entre elas uma grande crise nuclear a 250 quilômetros de Tóquio.
Na reunião à distância, os membros do G7 poderão apoiar um plano de Tóquio para interferir em sua moeda com o objetivo de recuperar a situação econômica do Japão, que antes do terremoto lutava para manter a tendência de crescimento.
Também espera-se que a catástrofe do terremoto ajude a política de taxas de juros a zero se prolongue por muito mais tempo, já que as empresas precisam financiar a reconstrução, o que indiretamente alimenta um iene forte.
Como complemento para evitar que as consequências do terremoto comprometam a força do Japão, terceira economia mundial, o secretário-geral do governante Partido Democrático, Katsuya Okada, anunciou hoje um orçamento extra, que conta com o apoio da oposição. EFE