Tóquio, 15 ago (EFE).- O Produto Interno Bruto (PIB) do Japão diminuiu menos que o esperado de abril a junho deste ano, após o desastre provocado pelo terremoto e tsunami do dia 11 de março, graças ao bom ritmo de recuperação da economia, que pode voltar a crescer no próximo trimestre.
Nesses três meses, a terceira economia do mundo caiu 0,3% em relação ao período entre janeiro e março e 1,3% ao ritmo anual.
Embora isso represente o terceiro trimestre consecutivo de queda no crescimento, o que tecnicamente coloca o país em recessão, tanto os analistas como o Governo japonês consideraram que os resultados proporcionam certo otimismo.
O ministro das Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, afirmou nesta segunda-feira que os dados foram melhor que o esperado, e inclusive levantou a possibilidade, em declarações à agência local "Kyodo", que o crescimento do PIB seja positivo durante o trimestre entre julho e setembro.
O Governo japonês temia que o descenso no crescimento fosse maior, devido ao arrefecimento na produção e nas exportações depois do dia 11 de março.
Apesar do consumo privado, um dos motores do Japão ao constituir 60% de seu PIB, ainda se ressentir dos efeitos dos desastres, os dados publicados nesta segunda-feira indicaram uma queda de 0,1%, muito acima do descenso de 0,6% registrado no trimestre anterior.
O aumento nas vendas de televisões de última geração, após o recente blecaute analógico no Japão, e também de roupas, compensaram os dados negativos que ainda arrastam os setores de alimentação e serviços, segundo o Governo.
Além da ligeira melhora na confiança do consumidor japonês, os analistas também avaliaram positivamente o fato de os investimentos privados de não residentes, consideradas como uma antecipação do curso da economia, terem aumentado 0,2%, assim como o investimento público, que cresceu 3%.
Este último setor registrou seu primeiro aumento em seis trimestres, levando o Governo a acelerar os trabalhos de reconstrução das áreas devastadas, inclusive a construção de casas temporárias para os afetados pelo terremoto e tsunami de março.
No entanto, o desastre provocou uma queda nas exportações japonesas de 4,9% entre abril e junho, a maior desde que estas diminuíram 25,3% no primeiro trimestre de 2009, após o início da crise global.
Além disso, os exportadores japoneses vêm sofrendo com o recente fortalecimento do iene frente às divisas de referência, o que afeta sua competitividade e corta seus benefícios na hora de repatriá-los.
Neste sentido, o ministro das Finanças declarou que, apesar da economia japonesa se recuperar em melhor ritmo que o previsto após a catástrofe, o encarecimento do iene é um "risco" que ameaça à economia japonesa.
Nesta segunda-feira, tanto o dólar como o euro subiram ligeiramente em relação à moeda japonesa. No entanto, o temor que a crise fiscal na Europa e nos Estados Unidos debilite ainda mais suas respectivas divisas mantém vivo o fantasma de uma nova intervenção do Japão no mercado de divisas para valorizar sua moeda.
As autoridades japonesas fizeram isso há pouco mais de uma semana, quando o iene se aproximou das 76,25 unidades por dólar, seu nível máximo desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
E, apesar dos efeitos desta ação terem praticamente se diluído, o Governo japonês insistiu que voltaria a intervir unilateralmente no mercado de divisas para evitar que as exportações, outro motor da terceira economia do mundo, se ressintam ainda mais após a catástrofe. EFE