Juan Lara.
Cidade do Vaticano, 14 jan (EFE).- Seis anos e um mês após sua morte, o papa João Paulo II (1920-2005) será elevado à glória dos altares em 1º de maio, depois que nesta sexta-feira seu sucessor, Bento XVI, promulgasse o decreto reconhecendo o milagre por sua intercessão.
João Paulo II será beatificado no domingo festividade da Divina Misericórdia, instituída por ele mesmo para honrar o culto à santa Faustina Kowalska, uma religiosa da qual se considerava discípulo e que é conhecida como a santa Teresa de Jesus polonesa.
O papa Wojtyla faleceu em 2 de abril de 2005, na vigília - naquele ano - da Divina Misericórdia. O porta-voz vaticano, Federico Lombardi, detalhou nesta sexta-feira que não escolheu essa data para a beatificação porque este ano cai na Quaresma, período pouco apto para uma cerimônia deste tipo.
O milagre que leva Karol Wojtyla aos altares é a cura inexplicável para a ciência da freira francesa Marie Simon Pierre, de 51 anos, que sofria desde 2001 de Parkinson, a mesma doença do primeiro papa polonês da história.
Vários meses depois da morte de Wojtyla, a freira, que rezava para ele continuamente, ficou curada da doença. Nesta sexta-feira, ela disse que o leva sempre no coração e que nunca o abandona.
Embora existam catalogados 251 supostos milagres por sua intercessão, o postulador da causa, o sacerdote polonês Slawomir Oder, elegeu a cura da freira.
Bento XVI assinou nesta sexta o decreto durante a audiência concedida ao prefeito regional da Congregação para a Causa dos Santos, Angelo Amato, que entregou toda a documentação do processo, uma vez que no último dia 11 os 30 cardeais e bispos que formam o dicastério aprovassem o milagre.
O processo começou em 28 de junho de 2005 e começou em Roma, cidade na qual morreu e da qual foi bispo durante 26 anos e meio.
A causa foi aberta pelo desejo de Bento XVI, sem a necessidade de esperar os cinco anos de sua morte, como estabelece o Código de Direito Canônico e como ocorreu com a madre Teresa de Calcutá, à qual beatificou seis anos e dois meses após sua morte.
O anúncio foi amparado com grande alegria no mundo católico, onde ainda segue vivo o grito "santo súbito" (santo já) que dezenas de milhares de pessoas cantaram naquele dia 8 de abril de 2005 durante o funeral.
A congregação para a Causa dos Santos ressaltou nesta sexta-feira que Bento XVI deu sinal verde ao processo sem esperar o tempo estabelecido diante "da imponente fama de santidade" de João Paulo II, "tanto em vida quanto após a morte".
A chamada "fábrica dos santos" acrescentou em nota que foram respeitados "escrupulosamente" todos os passos exigidos pela normativa da Igreja.
O porta-voz Lombardi acrescentou que o processo seguiu "por miúdo", nada fica sem comprovação.
Lombardi criticou os que a fazem a João Paulo II de ter supostamente "encoberto" o fundador dos Legionários de Cristo, o padre pedófilo mexicano Marcial Maciel.
O porta-voz assinalou que questionou a fundo e não há nada que envolva João Paulo II com o pedófilo e que por respeito a Wojtyla a investigação foi feita "em profundidade".
Para permitir uma maior afluência de fiéis, os restos mortais de Wojtyla serão transferidos dias antes da beatificação a partir da cripta da Basílica de São Pedro (cripta da Basílica de São Pedro), onde está enterrado, para uma capela do templo.
O ataúde de Wojtyla será colocado sob o altar da capela de São Sebastião, que fica na parte direita do templo, entre a "La Pieta" de Michelangelo, e a do Santíssimo.
Lombardi ressaltou que os restos não serão exumados nem se abrirá o ataúde, mas será trasladado diretamente à capela, na qual já começaram os trabalhos de restauração.
Nessa capela repousam atualmente os restos do papa Inocencio XI (1611-1689), que serão transferidos para outro lugar do Vaticano. EFE