Bangcoc, 13 abr (EFE).- A linguagem dos sinais está sendo fundamental na hora da pechincha, prática comum entre vendedor e cliente nos mercados da Tailândia para alcançar um acordo sobre o preço de qualquer coisa.
O aumento de pessoas surdo-mudas à frente de postos de trabalho das zonas turísticas, principalmente em Bangcoc, está rendendo intermináveis e acaloradas discussões nos mercados por causa desse tipo de negociação que o mercador e o estrangeiro mantêm pelo preço de um artigo.
Por sua vez, em um país como a Tailândia, no qual a pessoa com uma deficiência carece de oportunidades para entrar no mercado de trabalho, a função de vendedor é uma oportunidade para poder viver sem depender de benefícios.
"É muito complicado para nós encontrar um trabalho por causa de nossa incapacidade comunicativa", declarou à Efe, por meio de uma intérprete, Joun, que há vários meses trabalha em um ponto de venda de lembranças de Silom Road, um dos maiores mercados noturnos da capital tailandesa.
Joun, uma jovem de 19 anos natural da região de Isan, situada ao nordeste e onde está localizada a região mais pobre do país, deixou sua aldeia há algum tempo na busca de um futuro melhor para ela e sua família.
"Eu não quero mendigar, nem viver de ajudas, mas também não estou disposta a ser explorada em troca de um salário muito baixo", disse a jovem vendedora.
A Associação Tailandesa de Afetados pela Surdez denuncia que a maioria das pessoas que sofrem com esta deficiência e trabalham nos mercados são exploradas pelos diversos grupos que controlam a venda ao ar livre, que pagam salários medíocres para trabalhar quase o dia todo e até altas horas da noite.
"Os principais obstáculos para entrar no mercado de trabalho são a pouca qualificação das pessoas, unido a um baixo nível de estudos e o temor do empresário em contratar pessoas surdo-mudas por conta dos problemas de comunicação", explica Sirin, porta-voz da entidade tailandesa.
A organização dispõe de uma Bolsa de trabalho para pessoas surdo-mudas, oferece planos de ensino gratuitos, assessora aqueles que pretendem montar um negócio e ajuda na obtenção de empréstimos oficiais cuja quantidade máxima passa de 40 mil baht (US$ 1.300).
New, de 28 anos, decidiu há três anos abrir um negócio após trabalhar durante mais de meia década em várias fábricas locais.
"Comecei com uma pequena barraca de comércio na rua no qual vendia imagens de Buda e há pouco tempo abri outra no mercado de fim de semana de Chatuchak", diz o micro-empresário deficiente.
Além de New, nesses postos trabalham outras cinco pessoas surdo-mudas cuja comunicação se baseia na linguagem de gestos.
"A princípio, os turistas se chocam com o fato de as pessoas que não podem falar vendem lembranças nos mercados, mas depois não há nenhum problema. Para nós é uma boa forma de ganhar um salário", diz Prueng ao intérprete.
Prueng trabalha há um ano, durante todos os dias, no mercadinho de Patpong. A mulher também é mãe de uma criança não afetada pela surdez, e consegue exercer seu direito de ter um trabalho para sustentar a família.
A Associação Tailandesa de Afetados pela Surdez conta com cerca de um milhão de pessoas com incapacidade auditiva, e afirma que apesar da discriminação, "o número de empresários colaboradores aumenta há alguns anos, graças ao apoio das instituições". EFE