Marta Berard.
São Paulo, 28 jul (EFE).- A Vivo, que anunciou hoje um
crescimento de 36% em seu lucro semestral, disse confiar que o
acordo mediante o qual ficará sob controle da espanhola Telefónica
permita que mantenha a estratégia que a tornou líder do mercado
brasileiro.
"Vamos continuar operando como (fizemos) até agora, até que
recebamos novas orientações, vamos continuar trabalhando para
satisfazer nossos clientes", disse o presidente da Vivo, Roberto
Lima, em uma teleconferência, pouco depois do anúncio do acordo
entre Telefónica e Portugal Telecom.
O executivo, que se mostrou muito cauteloso quanto às implicações
da operação no futuro da companhia, opinou que corresponde aos
acionistas dar o rumo a seguir, mas que os resultados demonstram que
a estratégia da Vivo até agora colheu "muito sucesso".
Para Lima, a operação apresenta oportunidades "positivas para
todos", mas "é muito cedo para anunciar novas perspectivas" e disse
que "infelizmente" não pode antecipar as novas linhas da companhia.
Além disso, considerou "pouco provável, quase nula" a
possibilidade de que o acordo de hoje vá afetar os investimentos da
Vivo.
Nesta quarta-feira, a Telefónica finalmente comprou os 30% da
Vivo que estavam nas mãos da Portugal Telecom por 7,5 bilhões de
euros.
O acordo prevê que a Telefónica assumirá a totalidade da
participação da Brasilcel, dona de 60% das ações da Vivo e que é uma
sociedade joint venture entre a companhia espanhola e a empresa
portuguesa.
A Telefónica também apresentará uma oferta pública para a
aquisição das ações ordinárias da Vivo, que são 3,8% do capital
social, calculado em US$ 1 bilhão.
Os anúncios sobre os movimentos no setor de telecomunicações
coincidiram com a apresentação dos resultados semestrais da Vivo.
O lucro líquido da empresa nos primeiros seis meses do ano
alcançou R$ 427,9 milhões, um aumento de 36% frente ao mesmo período
de 2009.
Segundo o balanço, a Vivo se consolidou como a maior operadora de
telefonia celular do Brasil, com uma participação de 30,24% no
mercado no fechamento do primeiro semestre.
O lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização
(Ebitda) no período foi de R$ 2,616 bilhões, 7,2% a mais que nos
mesmos meses do ano passado.
A receita da operadora aumentou 7,3% no semestre, até R$ 8,634
bilhões, enquanto os investimentos somaram R$ 817,9 milhões, uma
redução de 26,8% no período comparado.
"Os resultados são positivos e confirmam a tendência de
crescimento da companhia", disse Lima.
Em um dia marcado pelos anúncios societários, a Portugal Telecom
informou sobre a criação de uma sociedade "estratégica" com a Oi que
lhe permitirá ter 22,38% da companhia mediante o pagamento de até R$
8,4 bilhões.
"A aliança terá por fim o desenvolvimento de um projeto de
telecomunicações de projeção global que permita a cooperação em
diversas áreas", afirmou a Oi, em comunicado, no qual aponta como um
desses objetivos a ampliação de sua presença na América Latina e na
África.
A operadora de telefonia fixa Telesp, controlada pela Telefónica,
informou que obteve lucro líquido de R$ 695,3 milhões no primeiro
semestre, 10,3% a mais do que no mesmo período de 2009. EFE.