Washington, 15 fev (EFE).- O ex-banqueiro americano Bernard Madoff negou que seus familiares soubessem de sua fraude, mas disse que os bancos "deviam saber", indicou em uma entrevista divulgada nesta terça-feira na edição digital do diário "The New York Times".
Em uma troca de e-mails prévia à entrevista, Madoff, detido em dezembro de 2008 sob as acusações de fraude financeira, disse que bancos não identificados e fundos de cobertura foram uma espécie de "cúmplices" de sua fraude.
Madoff descreveu a "cegueira voluntária" dos bancos e fundos de cobertura vinculados com seu negócio de consultoria de investimentos que, segundo sua opinião, não examinaram as divergências entre os relatórios que o ex-banqueiro preparou e outros relatórios disponíveis.
"Deviam saber. Mas sua atitude era algo como 'se está fazendo algo errado, não queremos saber'", disse Madoff.
Segundo o diário, Madoff reconheceu sua culpa e manifestou que nada justifica seus crimes, mas também acusou os investidores e grandes instituições que mantiveram negócios com ele.
Em um e-mail de 13 de janeiro, Madoff disse ao jornal que muitos de seus clientes registraram mais lucros legítimos com ele nos anos anteriores à fraude do que alcançariam em outro lugar.
"Eu teria adorado que eles não perdessem nada, mas todos estavam ao corrente do risco de investir no mercado", disse Madoff no e-mail citado pelo diário.
Madoff afirmou ainda ao jornal que os donos da equipe de beisebol New York Mets também não sabiam do fraudulento esquema piramidal, no qual investiram milhões de dólares.
Madoff, de 72 anos, cumpre pena de 150 anos de prisão após declarar-se culpado em 2009 da maior fraude da história de Wall Street durante duas décadas, avaliada por ele mesmo em US$ 50 bilhões. EFE