Roma, 22 ago (EFE).- As autoridades de Malta consideram
"altamente improvável" que 78 pessoas estivessem no bote inflável do
qual foram resgatados cinco imigrantes ilegais perto da ilha
italiana de Lampedusa na quinta-feira passada.
Entretanto, segundo os sobreviventes, as outras 73 pessoas que os
acompanhavam morreram durante a travessia.
Quem deu tais explicações foi o chefe do Estado-Maior da Defesa
de Malta, Carmel Vassallo, que deu sua versão de um caso investigado
pela Procuradoria de Agrigento, na ilha italiana da Sicília, por
possíveis crimes como favorecimento à imigração ilegal e de
homicídio culposo.
Em declarações publicadas hoje pelo jornal "Times of Malta",
Vassallo explicou que o bote com os imigrantes foi avistado na
terça-feira por um helicóptero da Agência Europeia para a Gestão da
Cooperação Operacional nas Fronteiras Exteriores (Frontex) em águas
territoriais da Líbia.
Imediatamente, uma patrulha das Forças Armadas de Malta, segundo
o militar maltês, foi enviada para assistir aos imigrantes, que já
não tinham água, comida ou combustível.
Segundo Vassallo, os imigrantes ilegais rejeitaram ser levados a
Malta e, por isso, a patrulha se limitou a fornecer bebida e comida
e a vigiá-los durante sua travessia, até que na quinta-feira
avisaram as autoridades italianas e a Guarda de Finanças recuperou
os cinco sobreviventes, que sustentam que 73 companheiros morreram.
Vassallo não descarta que os imigrantes ilegais tenham partido da
costa líbia em outro tipo de embarcação e trocado para o bote
durante a travessia, pois parecia estar em bom estado quando a
patrulha maltesa se aproximou para ajudá-los.
O chefe do Estado-Maior da Defesa de Malta disse que, por
enquanto, nenhum corpo foi resgatado e que os oito cadáveres que o
Frontex avistou no mar "muito provavelmente" não são de companheiros
de travessia dos cinco sobreviventes, dado seu avançado estado de
decomposição.
Os cinco imigrantes que foram levados à ilha italiana de
Lampedusa, todos de nacionalidade eritreia, acusam as autoridades
maltesas de não querer resgatá-los e asseguram que partiram da Líbia
há mais de 20 dias. EFE