Carlos Werd
Buenos Aires, 27 jul (EFE).- Diego Maradona deixa o cargo de
técnico da seleção argentina com a frustração de não conseguir
repetir na função o sucesso que teve em quase duas décadas de
carreira como jogador.
Poucos dias após comparar a recente eliminação da Copa do Mundo
da África do Sul com a dor que sentiu ao pendurar definitivamente as
chuteiras, em 1997, Maradona afirmou que seu ciclo como técnico
nacional havia terminado.
Com o passar do tempo, no entanto, foram crescendo os rumores
dando conta que o apoio do Governo local e a Copa América de 2011,
que será realizada no país, inclinariam a balança a favor da
continuidade.
Mas a AFA praticamente convidou Maradona a se afastar da seleção
ao impor condições que todo o mundo futebolístico argentino sabia
que o técnico não aceitaria.
Diego Armando Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 em Villa
Fiorito, um humilde bairro dos arredores de Buenos Aires que foi
testemunha de seus primeiros movimentos bruscos e do começo da
relação com a que foi sua melhor amiga dentro de um campo de
futebol, a bola.
Em 1976, estreou na primeira divisão argentina e em pouco tempo
ninguém teve dúvidas de que seria um verdadeiro craque. Dois anos
depois, era o artilheiro dos torneios argentinos e em 1979 chegaria
sua primeira grande consagração internacional com a seleção sub-19
que ganhou a Copa do Mundo do Japão.
Se transferiu do Argentinos Juniors para o Boca Juniors em 1981 e
foi campeão e ídolo absoluto na equipe mais popular da Argentina.
Até que, uma temporada mais tarde, fechou com Barcelona, onde jogou
duas temporadas e obteve um título, a Copa do Rei.
A Itália foi sua escala seguinte e a que rendeu maior sucesso.
Pelo Napoli, conquistou um inédito Campeonato Italiano, em
1986-1987, além da Copa local. Também faturou o principal título
nacional em 1989-1990, a Copa da Uefa de 1988-1989, e a Supercopa da
Itália em 1991.
Pela seleção, teve frustrado o sonho de disputar a Copa de 1978
ao não ter sido convocado pelo técnico César Menotti para o torneio
disputado na Argentina. Entretanto, oito anos depois, no México,
protagonizou uma das maiores atuações individuais de um atleta em um
Mundial, levando seu país ao bicampeonato.
Em grande parte, foi pela atuação em campos mexicanos que 'Dom
Diego' é considerado por muitos, não apenas argentinos, o maior
jogador de futebol da história.
Jogou também pelo Sevilla, onde se reencontrou com o técnico
Carlos Billardo, o mesmo do título da Copa de 1986 e do
vice-campeonato de 1990. Mas nessa época já estava envolvido com as
drogas, que renderam várias punições por doping, incluindo um
flagrante no Mundial de 1994, nos Estados Unidos.
Maradona parou de jogar em 1997 e voltou a ser destaque apenas em
2000, quando uma overdose o colocou perto da morte na cidade
uruguaia de Punta del Este.
Pouco depois, viajou para Cuba para se submeter a um tratamento
por sua dependência e por um severo problema cardíaco. Entre 2004 e
2005, viveu entre sanatórios, centros de reabilitação e sets de
televisão por sua incursão como apresentador de 'La noche del 10', o
programa que conduziu durante vários meses com altíssimos níveis de
audiência.
Em 2007, foi hospitalizado durante 40 dias, 15 deles em uma
clínica psiquiátrica, por uma recaída física produzida por um
excesso de alimentação e álcool.
Longe de se apagar, a chama de Maradona ressurgiu com mais força
no final de 2008, quando assumiu como técnico da seleção argentina
após a demissão de Alfio Basile e, apesar carregar sobre as costas
pouquíssimas e antigas experiências como treinador, no modesto
Textil Mandiyú (1994) e no Racing (1995).
Não sem sofrimento, conseguiu classificar a equipe para a Copa,
aonde chegou com o objetivo de voltar a ser campeão mundial, mas foi
acabou sendo "expulso" com uma dolorosa goleada para a Alemanha nas
quartas de final, 4 a 0.
Dizem que Maradona chorou e disse a amigos que pediria demissão,
mas que a recepção dos torcedores em Buenos Aires o comoveu.
Agora, deverá se reinventar para continuar sua carreira ligada ao
futebol. E se alguém sabe de ressurreições, este é, justamente,
Diego Maradona. EFE