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Medidas internas e crise externa desaceleram economia brasileira em 2011

Publicado 06.03.2012, 17:30
Atualizado 06.03.2012, 17:42

Rio de Janeiro, 6 mar (EFE).- A economia brasileira cresceu 2,7% em 2011, quase um terço dos 7,5% registrados em 2010, em consequência das medidas restritivas adotadas pelo governo para combater a inflação e pelos efeitos da crise econômica internacional.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a economia do país começou a se desacelerar no primeiro semestre de 2011 devido às medidas para frear a inflação e que, no segundo semestre, quando se esperava uma recuperação, foi surpreendida pelo agravamento da crise internacional.

Segundo ele, o que provocou este resultado em 2011 foi o ajuste realizado principalmente no primeiro semestre, que reduziu um ritmo de crescimento fortalecido em 2010, algo motivado pela política de controle de inflação, adotada, em sua visão, porque havia uma inflação mundial que ameaçava contagiar o Brasil.

"Não contávamos com o agravamento da crise no segundo semestre", disse o ministro. "Sem esse agravamento, nosso crescimento econômico no ano passado estaria mais próximo de 4% que de 3%". Em sua opinião, a deterioração da economia mundial no segundo semestre teve grande peso.

Da Alemanha, onde concluiu nesta terça-feira uma visita oficial, a presidente Dilma Rousseff também atribuiu a desaceleração nos países emergentes à crise nos países desenvolvidos e disse que seu governo adotará uma posição pró-ativa para ampliar cada vez mais a taxa de crescimento de forma sustentável.

Segundo os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento da economia em 2011 foi novamente impulsionado pelo mercado interno, que se expandiu por oitavo ano consecutivo, mas a um menor ritmo.

O aumento do consumo das famílias, que em 2010 tinha sido de 6,9%, cresceu apenas 4,1% no ano passado, sua menor expansão anual desde 2003 devido principalmente a medidas como o aumento dos juros e do depósito compulsório bancário.

Em contrapartida, o setor externo se contraiu 0,7%, o que afetou negativamente o Produto Interno Bruto (PIB).

Afetadas pela queda da demanda no exterior, as exportações brasileiras só cresceram 4,7% em 2011, enquanto as importações se expandiram 9,7%.

O setor que mais sentiu a redução externa foi a indústria, que tinha liderado o crescimento da economia em 2010 com uma expansão recorde de 10,1%, mas cuja produção só aumentou 1,6% em 2011, abaixo da agropecuária (3,9%) e dos serviços (2,7%).

À queda das exportações e à forte desaceleração da indústria contribuiu especialmente a apreciação do real frente ao dólar, já que, segundo o IBGE, a taxa média do câmbio passou de R$ 1,76 por dólar em 2010 para R$ 1,67 por dólar em 2011.

Mantega afirmou que o governo está pendente do câmbio para evitar que uma apreciação exagerada do real impeça uma recuperação da indústria e das exportações. "Vamos enfrentar esse excesso de liquidez nos mercados internacionais e manter o real estável com as medidas com as quais contamos e que não posso antecipar".

O ministro voltou a se referir à "guerra cambial" protagonizada por países como Estados Unidos, Japão e os membros da União Europeia (UE). Para ele, a "guerra cambial" pode criar borbulhas em países emergentes desprevenidos pelos excessos de capital circulante.

"O Brasil é prevenido e não permitirá uma invasão de capitais que buscam especulação", afirmou Mantega, que anunciou estimativas oficiais de crescimento para este ano situadas entre 4% e 4,5%.

Na avaliação do ministro, o importante é que o Brasil comece 2012 com a economia aquecendo, o que pode ter a contribuição do desempenho de novembro e de dezembro. Segundo Mantega, essa trajetória seguirá no primeiro semestre de 2012 e chegará ao ápice no segundo semestre, "quando a economia estará crescendo a um ritmo anual de 5%". EFE

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