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Medvedev e Merkel respaldam oferta de compra da Opel

Publicado 14.08.2009, 13:25

Ignacio Ortega.

Moscou, 14 ago (EFE).- O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e a chanceler alemã, Angela Merkel, deram hoje pleno respaldo político à oferta do fabricante austríaco-canadense Magna e do banco estatal russo Sberbank para comprar a Opel.

"O Governo da República Federal Alemã apoia a oferta da Magna (...) e a iniciativa russa para comprar a Opel", assegurou Merkel em entrevista coletiva conjunta depois de se reunir com o presidente russo no balneário de Sochi (Mar Negro).

Os líderes concordaram ao assinalar que a compra da Opel pela General Motors (GM) por parte do consórcio russo-canadense seria o melhor para o futuro saneamento da companhia alemã e, além disso, reforçaria a cooperação estratégica entre Moscou e Berlim.

"A Magna é uma companhia com uma longa experiência no mercado do automóvel, o que significa que está interessada no desenvolvimento estratégico da Opel, o que é muito importante para nós", ressaltou.

"Vemos possibilidade de desenvolvimento a longo prazo da Opel e, além disso, a Magna quer trabalhar na Rússia. Por isso, estamos fazendo todo o possível para que as questões pendentes sejam limadas nos próximos dias", disse.

Merkel ressaltou que o Governo alemão está fazendo todo o possível "para que a GM, o Governo federal e os investidores cheguem a uma postura comum".

"Há dois investidores, mas estou contente que já haja um documento preparado para assinatura. A concepção da Magna apresenta perfis magníficos", disse durante o pronunciamento perante a imprensa transmitido ao vivo pela televisão russa.

Merkel lembrou que a "Opel não pertence ao Governo federal, mas se mostrou convencida de que todas as partes estão interessadas em conservar os postos de trabalho e encontrar uma via racional para realizar a operação".

"Eu gostaria que isto acontecesse o mais rápido possível. Cada um por sua conta não podemos decidir nada", disse.

Por sua parte, Medvedev, que já tinha tratado este e outros temas no mês passado com Merkel na Baviera, defendeu os investimentos em "novas tecnologias" em tempos de crise.

"Investimentos estratégicas como essa (Opel) permitem melhorar a estrutura econômica e são um seguro perante futuros cataclismos econômicos", afirmou o chefe do Kremlin.

Magna e Sberbank estão dispostos a comprar da corporação americana General Motors (GM) 20% e 35% da Opel, respectivamente, investindo 700 milhões de euros.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, assegurou recentemente que a Rússia acredita que o investimento na Opel lhe permita obter os direitos sobre as tecnologias modernas de fabricação de automóveis.

No caso da GM dar o sinal verde, a Magna e seu parceiro russo poderiam comercializar os automóveis Opel sob sua própria marca, fazer quaisquer modificações em sua estrutura e copiar certas soluções técnicas na hora de projetar novos modelos.

Segundo a imprensa americana, a GM prefere a oferta do investidor belga RHJI porque facilitaria voltar a comprar a Opel após seu saneamento e porque receia ceder tecnologia aos russos.

No entanto, a Magna é a preferida dos trabalhadores da Opel e do Governo alemão porque contempla uma menor redução de empregos e permitiria a Opel finalmente desligar-se da GM.

Medvedev e Merkel também trataram outros assuntos como a agenda da Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), que será realizada no final de setembro em Pittsburg (Estados Unidos).

No plano político, os dirigentes abordaram a cooperação entre Rússia e Otan no Afeganistão, e as crises nucleares da Coreia do Norte e do Irã.

Merkel assegurou que "a comunidade internacional deve retomar as conversas com o Irã, apesar da difícil situação dos direitos humanos no país".

Além disso, pediu uma postura comum a fim de "impedir que o Irã fabrique armas nucleares".

Por sua vez, Merkel cumpriu o prometido antes de viajar à Rússia e pôs sobre a mesa o assunto da onda de assassinatos de ativistas dos direitos humanos no Cáucaso.

"É muito importante que se faça todo o possível para que quem comete esses crimes horríveis sejam levados perante a Justiça. O presidente russo me prometeu que assim ocorrerá", disse.

Por sua parte, Medvedev replicou que os assassinatos dos ativistas e também os ataques contra funcionários do Governo no Cáucaso têm o objetivo de "desestabilizar a situação" na área. "Acho que esta questão ficará resolvida em breve", especificou.

No dia 15 de julho foi assassinada na Chechênia Natalia Estemirova, famosa jornalista e ativista da organização "Memorial", cujo diretor, Oleg Orlov, responsabilizou o presidente checheno, Ramzan Kadyrov, pelo crime.

Esta semana outras duas pessoas, a diretora da ONG Spasiom Pokolenie (Salvemos a Geração), Zarema Saidulayeva, e seu marido, Alik Zhabrailov, representantes do Unicef no Cáucaso, também foram assassinados nessa mesma república. EFE

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