PEQUIM (Reuters) - A Apple deu destaque à China durante a apresentação do relógio inteligente da companhia esta semana, anunciando uma nova loja no país e demonstrando mensagens em chinês no aplicativo WeChat.
Além disso, a Apple afirmou que o novo relógio será vendido na China a partir de 24 de abril, mesmo dia que nos Estados Unidos. Isso marca uma mudança ante o lançamento do iPhone 6, que chegou às lojas chinesas quase um mês depois de começar a ser vendido nos EUA.
Mas mesmo no país fanático pela Apple, e que é o segundo maior mercado da marca após os EUA, parece ser ainda muito cedo para dizer se os relógios da empresa serão um acessório obrigatório.
Além da dúvida sobre se o aparelho é um item de vestuário ou um aparelho eletrônico, o Apple Watch carrega um preço salgado na China. O modelo mais barato, Sport, será vendido por pouco menos de 3.000 iuans (479 dólares), incluindo impostos, ante 349 dólares nos EUA. O modelo mais luxuoso vai custar 145 mil iuans (23.157 dólares), ante 17 mil dólares nos EUA.
Isso é muito para se pagar por um produto digital de luxo que poderá ficar rapidamente desatualizado se a Apple fizer o que costuma fazer com seus celulares inteligentes e lançar um novo modelo a cada ano.
Há também outros problemas práticos para os chineses. Desde o tamanho da tela à falta de um aplicativo matador.
"É quase impossível enviar mensagens pelo WeChat com uma tela tão pequena", disse Huang Hongwen, 46, em Xangai. "Eu prefiro comprar um relógio de luxo tradicional pelo mesmo preço", disse ela sobre a edição mais cara do relógio da Apple.
A companhia também está lançando seu relógio em um momento em que a campanha de austeridade e anticorrupção do presidente chinês, Xi Jinping, estigmatizou a ostentação e consumo excessivo por autoridades, que formam uma parte considerável do mercado de luxo no país.
Muitos na China lembram de "Watch Brother", o apelido online dado a uma autoridade regional condenada a 14 anos de prisão por corrupção em 2013 depois que imagens dele usando mais de doze caros relógios apareceram na Internet.
(Por Paul Carsten e Gerry Shih)