La Paz, 1 mai (EFE).- O presidente boliviano, Evo Morales, disse nesta terça-feira que seu governo reconhecerá os investimentos realizados pela Rede Elétrica Espanhola (REE) em seu país, após expropriar suas ações na Transportadora de Eletricidade (TDE) e ocupar com militares seus escritórios na cidade de Cochabamba.
"Somos responsáveis com as empresas. Se o que corresponde é devolver, é preciso devolver. Se uma empresa fez investimento, reconhecemos o investimento e sempre vamos reconhecer", declarou Morales em um ato em Cochabamba perante os trabalhadores da TDE, militares e partidários.
Por sua parte, a REE lamentou a decisão e espera alcançar um acordo com o governo boliviano para uma compensação adequada por esta desapropriação que alivie todos acionistas da empresa, com 20% de capital público e uma maioria de investidores de outros países.
O presidente boliviano, Evo Morales, justificou a desapropriação pelo baixo investimento realizado pela empresa, mas fontes da companhia afirmaram à Agência Efe que desde a aquisição em 2002 da TDE, a REE investiu US$ 60 milhões para manter e elevar os padrões de qualidade da rede de alta tensão boliviana.
No entanto, o presidente insistiu que a REE e sua predecessora, a Unión Fenosa, "em 16 anos investiram apenas US$ 81 milhões" na TDE, a uma média de "US$ 5 milhões por ano".
Morales apresentou horas antes em La Paz o decreto para expropriar as ações da REE, que adquiriu em 2002 99,94% do pacote acionário da TDE.
Fontes diplomáticas espanholas disseram à Efe que a Embaixada da Espanha em La Paz não teve conhecimento prévio das intenções bolivianas.
O líder sustentou que a "nacionalização" dos recursos naturais e os serviços básicos é uma "exigência" do povo boliviano e afirmou que a medida de hoje é uma "homenagem aos trabalhadores neste 1º de maio".
Morales justificou a presença de militares nas instalações da TDE em Cochabamba ao assegurar que "é uma obrigação do presidente e do vice-presidente organizar estas operações para recuperar o que é nosso".
"Cumprimentamos o comando militar por ter organizado esta linda operação, não somente aqui, mas em toda Bolívia, onde temos outras estações. em La Paz, Oruro, Potosí, Santa Cruz e aqui, na estação principal, que tomamos dignamente e soberanamente para que esta empresa passe para as mãos dos bolivianos", assinalou. EFE