Atenas, 11 mar (EFE).- A terceira greve geral contra o plano
anunciado pelo Governo da Grécia em fevereiro para salvar a economia
deixou o país sem transporte e sem serviços nesta quinta-feira,
afetando as principais cidades.
A greve de 24 horas foi convocada pelos maiores sindicatos dos
trabalhadores do país contra o plano de austeridade fiscal.
Cerca de 50 mil pessoas, segundo os sindicatos, e 15 mil, de
acordo com a polícia, foram às ruas da capital Atenas convocadas por
três grandes centrais de trabalhadores, um número modesto se for
levado em conta o total de filiados (aproximadamente 500 mil).
"Não passarão (as medidas)", dizia um dos cartazes exibidos por
manifestantes que viram o valor do pagamento de suas horas extras
ser reduzido em 30%.
"Não vamos tolerar a perda de direitos salariais que temos há
décadas", disseram hoje à Agência Efe líderes do principal sindicato
dos trabalhadores, o Gsee.
"Queremos trabalho e futuro", lia-se em outro cartaz dos
estudantes de colégios técnicos, perante a ameaça crescente de
desemprego, e em outro podia ser lido: "Que a crise seja paga pelos
que a causaram... a plutocracia".
Durante os protestos de hoje, que aconteceram em frente ao
Parlamento, houve confrontos entre grupos radicais e policiais.
Várias agências bancárias, lojas e fachadas de hotéis foram
danificadas pelos ataques de um grupo de 200 pessoas encapuzadas,
que enfrentou a polícia com pedras e fogos de artifício.
Os agentes responderam com o lançamento de gás lacrimogêneo e
detiveram pelo menos 20 manifestantes.
Desde as primeiras horas da manhã, as ruas centrais da capital
grega ficaram cheias de veículos privados e táxis, pois todo o
transporte público está parado. Apenas o trem de superfície
funcionou, mas por poucas horas.
Todos os aeroportos, incluindo o internacional de Atenas,
permanecem fechados desde a meia-noite (horário local), o que causou
o cancelamento de centenas de voos e a modificação dos horários de
diversos outros, por conta da participação dos controladores aéreos
nos protestos.
Os navios e os serviços de trens estão parados, os hospitais e os
serviços de administração de luz, telefonia e água funcionam com
pessoal de emergência. Inúmeras agências bancárias trabalham com
efetivo reduzido e as escolas foram fechadas.
Também não abriram hoje os escritórios de serviços estatais,
enquanto os veículos de informação transmitem apenas músicas e
programas de entretenimento, já que os jornalistas também aderiram à
greve.
Os sindicatos protestam contra cortes nos salários dos
trabalhadores e o aumento de impostos decidido pelo Governo grego
para economizar 4,8 bilhões de euros, buscando reduzir ainda neste
ano o déficit em 4%, para deixá-lo em 8,7% do Produto Interno Bruto
(PIB).
As medidas de adotadas pelo Executivo do primeiro-ministro Yorgos
Papandreu, foram aprovadas pela Comissão Europeia, que supervisiona
estreitamente seu cumprimento para que o país se salve da falência.
EFE.