Cabul, 4 mar (EFE).- O chefe da missão da ONU no Afeganistão, o
norueguês Kai Eide, afirmou hoje que o país enfrentará em 2010 seu
maior desafio desde a queda do regime talibã, há quase nove anos,
mas advertiu que um "êxito decisivo" não será possível a curto
prazo.
Em sua última entrevista coletiva em Cabul antes de deixar o
cargo, Eide disse que "este é um ano no qual as tendências negativas
devem ser revertidas antes que se transformem em irreversíveis".
"As autoridades afegãs têm que estar cientes da necessidade de
demonstrar progresso e reformas, e a comunidade internacional deve
se mostrar realista quanto ao nível de ambição em um período tão
curto", de "um ano ou dois", disse o diplomata norueguês.
Para Eide, que ocupava a chefia da ONU no país durante as
eleições presidenciais de agosto de 2009, a "jirga" (conselho de
paz) e a Conferência de Cabul, que deverão ser realizados neste ano,
poderão servir como eventos "unificadores".
No entanto, segundo ele, as eleições parlamentares, previstas
para setembro, e a campanha militar contra os talibãs "poderão
provocar tensões".
"O Afeganistão é às vezes visto e tratado como terra de ninguém,
e não como um Estado soberano. Essa visão é equivocada e tem que
acabar, porque alimentou desconfianças sobre uma interferência
estrangeira que seria inaceitável, por gerar um sentimento de
humilhação", explicou.
O norueguês, que decidiu não continuar no cargo após dois anos de
mandato, disse ter conversado frequentemente durante as últimas
semanas com o presidente afegão, Hamid Karzai, sobre suas
"preocupações" em relação ao país.
"Acho que as eleições parlamentares deveriam significar um passo
rumo à plena afeganização do processo de reconstrução do país",
afirmou Eide. EFE.