LONDRES (Reuters) - O Parlamento britânico votou nesta quarta-feira para impedir que o primeiro-ministro Boris Johnson separe o Reino Unido da União Europeia sem um acordo, mas o premiê defende que seja realizada uma eleição antecipada poucas semanas antes do Brexit para ter liberdade de ação.
Após tirar o controle da pauta legislativa de Johnson apenas seis semanas após a posse do premiê, o Parlamento aprovou por 329 e 300 votos, na segunda de três votações, um projeto de lei que forçaria o governo a pedir um adiamento de três meses para o Brexit em vez de desfiliar o país sem um pacto de saída.
Johnson qualificou a manobra na Câmara dos Comuns como uma tentativa de rendição à UE no tocante ao Brexit e exigiu uma eleição antecipada em 15 de outubro, uma medida que poderia libertá-lo de qualquer amarra se conquistar uma maioria.
John McDonnell, o segundo homem mais poderoso do Partido Trabalhista, de oposição, disse que a legislação para impedir um Brexit sem acordo precisa receber o aval da rainha Elizabeth, o que colocaria a lei nos estatutos, antes de o partido concordar com uma eleição -- o que, em tese, poderia acontecer na próxima segunda-feira.
"Nós... não seremos enganados ou ludibriados por Johnson, por isso estamos estudando toda maneira graças à qual, tendo garantido a legislação, ele não possa se esquivar de acatar a lei e implantá-la", disse McDonnell.
A manobra do Parlamento para amarrar as mãos do premiê deixa o Brexit no ar, e as opções vão de uma saída turbulenta sem acordo à desistência completa da iniciativa -- ambos desfechos que seriam inaceitáveis para certas fatias do eleitorado britânico.
(Por Elizabeth Piper, William James e Kylie MacLellan)