Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tentava firmar queda na sessão vespertina desta sexta-feira, acompanhando a fraqueza da moeda norte-americana no exterior em meio ao alívio de temores sobre redução de estímulos nos Estados Unidos, mas investidores continuavam monitorando com cautela o ambiente fiscal doméstico.
Às 15:46, o dólar recuava 0,31%, a 5,2379 reais na venda.
Na máxima do pregão, alcançada por volta das 11h30, a moeda subiu 0,53%, a 5,2820 reais na venda, antes de começar a perder ímpeto e passar a território negativo. Na mínima, registrada pouco depois das 14h, a cotação recuou 0,64%, a 5,2208 reais.
O movimento de desvalorização estava em linha com o comportamento do dólar no exterior, uma vez que o índice da divisa norte-americana perdia 0,5% nesta sexta-feira. Rand sul-africano, peso mexicano e lira turca, moedas pares do real, apresentavam ganhos.
Segundo Lucas Schroeder, diretor de operações da Câmbio Curitiba, direcionando esse movimento estava a notícia de que um índice que acompanha a confiança do consumidor dos Estados Unidos caiu drasticamente no início de agosto, para seu patamar mais baixo em uma década.
A leitura, negativa para a maior economia do mundo, ajudava a aliviar temores de que um superaquecimento levaria, em breve, a redução de estímulos pelo Federal Reserve.
Também apoiando argumentos pró-manutenção da expressiva compra de títulos pelo banco central norte-americano, o Departamento do Trabalho dos EUA informou nesta semana que a inflação ao consumidor desacelerou em julho.
No entanto, comentou Schroeder, "os riscos fiscais e políticos que estamos vivenciando no Brasil acabam por segurar uma queda mais expressiva do dólar".
Brasília está vivendo um mês de agosto agitado, em meio a troca de farpas constante e cada vez mais intensa entre o presidente Jair Bolsonaro e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), bem como entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).
A frente fiscal também tem sido motivo de ansiedade, principalmente depois que o governo informou a necessidade de alterar a dinâmica para pagamento de precatórios, levantando temores sobre possível pedalada. O Ministério da Economia disse na quinta-feira que o fundo criado pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios não ficará fora do Orçamento, afetando, portanto, o resultado primário da União.
"A volatilidade política geralmente não faz tanto preço nos ativos, mas acho que está tão intensa que, agora, faz: não deixa o real se valorizar e mantém nossa bolsa descolada das outras", disse à Reuters Marcos Weigt, chefe de tesouraria do Travelex Bank.
"Pior que uma notícia ruim é a incerteza; uma notícia ruim você precifica e ponto", opinou.
O dólar caminhava para encerrar a semana perto da estabilidade, depois de fechar a última sexta-feira em 5,2343 reais. Em agosto, a moeda tem ganho de 0,5%.
No acumulado do ano, o dólar sobe 0,83%. No mercado futuro, a moeda se mantinha acima do nível psicológico de 5,0000 reais desde 1º de julho.
Na quinta-feira, o dólar à vista subiu 0,66%, a 5,2542 reais, maior nível desde 8 de julho (5,2549 reais).