Portugal Telecom encerra capítulo com venda da Vivo e entrada na Oi

Publicado 28.07.2010, 17:10

Lisboa, 28 jul (EFE).- Com a venda de sua parte na Vivo para a Telefónica e sua entrada na Oi, a Portugal Telecom fechou hoje um capítulo de sua história após negociações "duras, difíceis, complexas, longas e até violentas", segundo o presidente de seu conselho de administração, Henrique Granadeiro.

O presidente-executivo da operadora portuguesa, Zeinal Bava, seguiu a mesma linha e falou dos "quase 100 dias de um processo de negociação complexo".

A Telefónica fez sua primeira oferta pela parte da Portugal Telecom na Vivo no dia 6 de maio, por 5,7 bilhões de euros. No dia 1º de junho, elevou a proposta para 6,5 bilhões de euros.

A operadora espanhola aumentou ainda mais a oferta, para 7,15 bilhões de euros, em 30 de junho, um dia antes de uma assembleia geral da empresa portuguesa para tomar uma decisão sobre a proposta.

Apesar de 73,9% dos acionistas da Portugal Telecom terem votado então a favor da venda da Vivo, o Governo português vetou, por meio de sua ação de ouro, a operação com o argumento de que a participação na operadora brasileira era estratégica para o país.

"Valeu a pena", afirmou hoje o primeiro-ministro português, José Sócrates, para quem se o Executivo não tivesse usado a ação de ouro - ação declarada como ilegal pela Justiça europeia -, "a PT teria vendido a Vivo sem alternativa no Brasil" e por um valor menor.

O presidente-executivo de PT evitou ser tão explícito, mas pareceu estar de acordo com Sócrates ao reconhecer que o veto do Governo serviu para "ganhar tempo para a busca de uma solução alternativa".

"Conseguimos aproveitar esses 30 dias (desde a assembleia) para criar uma alternativa que mantivesse a escala considerada fundamental para o desenvolvimento da Portugal Telecom e da economia portuguesa", sustentou Zeinal Bava.

Proteger a presença de Portugal Telecom no Brasil era o principal objetivo do Estado e da empresa, uma porta aberta que a operadora lusa conseguiu manter graças a um "excelente" acordo com a Oi, de acordo com Sócrates.

Ao final de três meses de negociações, a operação - aprovada por unanimidade pelo conselho de administração da Portugal Telecom - foi "uma solução boa para todas as partes", segundo Bava.

Não é isso, entretanto, que pensa a oposição portuguesa. Sua principal força, o Partido Social Democrata, acusou o socialista Sócrates de haver mudado de posição quanto ao uso da ação de ouro.

O Bloco de Esquerda chamou o Executivo português de "contraditório" e o PCP falou que os "interesses estratégicos" de Portugal foram vendidos por "mais 350 milhões de euros".

Zeinal Bava disse sentir "certa nostalgia" ao deixar a Vivo, mas afirmou que a operadora passa a fazer parte do passado da companhia portuguesa, enquanto a Oi será seu futuro.

Após 12 anos de parceria, Telefónica e Portugal Telecom passarão a ser concorrentes no mercado brasileiro. Mesmo assim, as duas multinacionais preveem iniciar discussões a partir de janeiro de 2011 com vistas a estabelecer uma sociedade industrial. EFE.

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