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Redação Central, 27 ago (EFE).- Os primeiros seres humanos que
conseguiam digerir a lactose, um tipo de açúcar encontrado no leite,
foram as comunidades rurais do centro da Europa, e não as populações
do norte, como se pensava anteriormente, segundo publicou um estudo
da universidade londrina University College London (UCL).
O estudo demonstrou que a assimilação da lactase (enzima que
fragmenta a lactose) "começou aproximadamente há 7.500 anos entre os
Bálcãs e o centro da Europa, provavelmente no seio da cultura
Linearbandkeramik", explicou o professor de genética, evolução e
meio ambiente da UCL, Mark Thomas.
A pesquisa, publicada na revista "PLoS Computational Biology",
cruzou dados genéticos e arqueológicos com novos métodos
estatísticos.
Antes da descoberta acreditava-se que, por meio da seleção
natural, os povos do norte eram mais propensos a ser os primeiros a
beber leite, para compensar a falta de vitamina D, que provém
principalmente do sol.
Segundo Thomas, a maioria dos adultos do mundo não produz lactase
e, portanto, não pode digerir a lactose do leite. A maioria dos
europeus, porém, tem esta capacidade devido a uma simples mutação
genética.
"Aparentemente, a tolerância à lactase é uma vantagem de
sobrevivência", afirmou Thomas.
As razões para isso são diversas, como resistir à ausência de
vitamina D, que é necessária para absorver o cálcio. Além disso, o
leite é uma fonte muito rica de calorias e proteínas disponível em
todas as épocas do ano, cujo risco de estar exposta a fatores
poluentes é muito baixo.
Como consequência das ondas de emigrantes, a tolerância ao leite
se expandiu dos Bálcãs ao resto da Europa, o que explica porque a
maioria dos europeus que bebem leite tem este gene em comum.
Na África são conhecidos quatro tipos de variantes do gene que
produz a lactase e que são resistentes, e provavelmente deve haver
muitos outros não descobertos, a maioria africana, mas a versão do
gene europeu também foi encontrada neste continente, sobretudo entre
a população Falani. EFE