Hernán Bahos Ruiz.
Johanesburgo, 9 jun (EFE).- O prazer lúdico do futebol não será
tão importante para a seleção brasileira como a conquista do sexto
título mundial.
Kaká foi o primeiro a traçar a nova visão pragmática do futebol
brasileiro seguida por Dunga ao advertir na semana passada que "o
espetáculo final é ganhar, isso é o mais importante".
Fortalecer a marcação e preservar o equilíbrio tático são, na
opinião do astro do Real Madrid, condições básicas para dar
"espetáculo".
Se há fantasia em campo ou não, é outra discussão.
O volante Gilberto Silva deu nesta quarta-feira um aviso àqueles
que esperam shows em jogos do Brasil.
"Nós não estamos aqui para brincadeira", afirmou em tom cordial,
mas severo.
A declaração provocou silêncio entre os jornalistas estrangeiros
- sobretudo europeus - na sala utilizada para entrevistas coletivas
no hotel sul-africano onde os jogadores treinam e estão concentrados
para a disputa da Copa do Mundo.
"Jogar? Os brasileiros não estão aqui para jogar?", foi a reação
em comum entre os profissionais de imprensa.
Em outras palavras, o futebol é um assunto sério. Não é um jogo
para crianças.
"Nós queremos e vamos nos esforçar para sermos campeões. Para
dizer que vamos ser campeões, teria que ter uma bola de cristal. Mas
fizemos um bom trabalho bom para chegar a esse objetivo e todo mundo
está concentrado", acrescentou o jogador.
Gilberto Silva, que chega a seu terceiro Mundial, tendo ajudado o
Brasil na conquista do pentacampeonato, em 2002, alékm de ter
participado da campanha de 2006, antecipou que na estreia da
seleção, contra a Coreia do Norte, não se pode esperar do Brasil a
"melhor partida". O mais importante é o resultado.
"Talvez não joguemos nossa melhor partida, mas se ganharmos
deixaremos a pressão para os outros adversários que também lutam por
uma vaga na fase seguinte", disse, lembrando das seleções de Costa
do Marfim e Portugal, que tambem compõem o grupo G.
"Na estreia, vamos mandar o recado que queremos sobre as
intenções do Brasil na Copa. A responsabilidade é sempre nossa.
Nenhum rival se vai jogar contra o Brasil como franco-atirador",
acrescentou.
Gilberto Silva explicou ainda que os jogadores têm plena
confiança no trabalho realizado por Dunga, que assumiu o comando da
equipe após o fracasso no Mundial de 2006. O volante não deixou de
citar as conquistas da equipe desde então, como os títulos da Copa
América (2007) e da Copa das Confederações (2009).
"Somos conscientes do que devemos fazer. A Copa começou para nós
há três anos e oito meses", finalizou. EFE