Tóquio, 11 jun (EFE).- O novo primeiro-ministro do Japão, Naoto
Kan, que assumiu o poder na terça-feira passada, se comprometeu
nesta sexta-feira a tomar medidas "drásticas" para enfrentar a
elevada dívida pública do Japão e afastar a possibilidade de uma
crise como a europeia.
Em seu primeiro discurso político perante a Câmara Baixa, Kan, de
63 anos, voltou a afirmar que sua prioridade é resolver os problemas
das finanças públicas do país, cuja dívida pública ascende já é o
dobro do Produto Interno Bruto (PIB), a maior de uma nação
industrializada.
"A dívida é muito elevada, e é um assunto que não pode ser
solucionado em pouco tempo; devemos sanear as finanças já, e para
isso precisamos de uma reforma drástica", disse.
Kan, ministro das Finanças durante o Governo anterior, de Yukio
Hatoyama, criticou a elevada despesa em obras públicas de Executivos
anteriores, assim como as políticas de redução de impostos e
finanças que, para ele, dependiam "excessivamente" das emissões de
bônus.
O primeiro-ministro ressaltou que a dependência da emissão de
dívida provocou a crise da Grécia e insistiu que a solução não passa
por um crescimento impulsionado pelo gasto público, mas por criar
demanda e empregos.
A dívida pública do Japão chegava a 7,4 trilhões de euros no
final do março, mas ao contrário da Grécia a maioria dos bônus está
em mãos de credores japoneses, o que reduz sua exposição ao risco.
A economia do Japão centrou boa parte do primeiro discurso
perante a Câmara de Kan, no mesmo em que o ministro para a Reforma
Postal, Shizuka Kamei, do minoritário Novo Partido do Povo (PNP, um
dos parceiros membros do Governo), apresentou sua renúncia.
Kamei, também encarregado de Assuntos Financeiros, renunciou em
protesto pela decisão do governante Partido Democrático (PD) de
atrasar a aprovação de uma lei que freava a privatização do serviço
dos correios (Japan Post).
A privatização do Japan Post foi iniciada em 2007 pelo Governo do
Partido Liberal-Democrata (PLD), atualmente na oposição. O PNP tem
postura totalmente contrária a ela.
O substituto de Kamei à frente da Reforma Postal será Shozaburu
Jimi, de 64 anos e "número dois" do PNP, mas, até que ele assuma
formalmente, o posto será ocupado pelo porta-voz do Governo, Yoshito
Sengoku, que assumiu interinamente, segundo informou a agência local
"Kyodo".
O novo Governo japonês assumiu o poder na terça-feira passada,
seis dias depois que Yukio Hatoyama anunciou sua renúncia como
primeiro-ministro pressionado pela queda de sua popularidade após a
decisão de manter uma polêmica base militar dos EUA no sul do Japão.
EFE