Proposta de fundo monetário europeu provoca divergências dentro da UE

Publicado 09.03.2010, 16:25
Atualizado 09.03.2010, 16:49

Bruxelas, 9 mar (EFE).- A proposta de criação de um fundo monetário europeu, que permita fazer frente dentro da zona do euro a graves crises orçamentárias, como a vivida pela Grécia, está provocando, antes mesmo de ser posta em prática, grandes divergências entre os líderes da União Europeia.

Anunciada de surpresa no último fim de semana pelo ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, a sugestão foi mal recebida por importantes membros do Banco Central Europeu (BCE).

O presidente do Bundesbank e membro do Conselho do BCE, Axel Weber, tachou hoje de "absolutamente contraproducente" o debate sobre esse mecanismo nas circunstâncias atuais.

Na entrevista coletiva de apresentação dos resultados do Bundesbank, realizada na cidade alemã de Frankfurt, Weber ressaltou que o importante é que os Governos e as instituições europeias tenham a vontade de cumprir as regras existentes, especialmente as de disciplina orçamentária.

Se não houver essa vontade por parte deles, "ela também não será cobrada de outra instituição", argumentou Weber, cotado para substituir o francês Jean-Claude Trichet na presidência do BCE no fim de 2011.

Berlim trabalha, aparentemente, em duas frentes. Por um lado, pretende endurecer as normas atuais de vigilância e disciplina orçamentária, com sanções efetivas para quem não cumprí-las, e, por outro, quer estabelecer um mecanismo coletivo de resgate que permita ajudar um membro da UE em dificuldades insolúveis de financiamento.

O tratado atual proíbe expressamente a Comissão Europeia (CE) e o BCE de financiarem um Estado membro da zona do euro fortemente endividado.

Em seu discurso, Schäuble assegurou que o Governo alemão trabalha na criação de um fundo monetário para a zona do euro e que anunciará em breve suas propostas aos demais países-membros.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a ideia é "boa e interessante", e afirmou que os instrumentos atuais não são suficientes.

Nesta terça-feira, o presidente do Eurogrupo (fórum informal no qual participam os ministros das Finanças da zona do euro), o luxemburguês Jean-Claude Juncker, também se uniu ao debate.

"Temos que discutí-lo. Há centenas de perguntas sobre a mesa que devem ser respondidas, mas, basicamente, estamos de acordo com o que propôs o ministro das Finanças alemão", disse, após receber Merkel em Luxemburgo.

Por sua vez, a Comissão Europeia se declarou disposta a contribuir, mas hoje, perante o plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), o presidente da entidade, José Manuel Durão Barroso, mostrou-se muito cauteloso.

Barroso descartou a possibilidade de que a Europa crie a curto prazo esse fundo à maneira do FMI, e assegurou que é uma proposta que "requer mais análise".

A ideia de Schäuble, segundo o português, foi apresentada sem "nenhum tipo de detalhes" e é um plano a "longo prazo".

Além disso, segundo ele, a criação desse fundo "poderia provavelmente requerer uma mudança no Tratado" da UE, com as dificuldades que isso implica.

"Estamos trabalhando agora em preparar algumas iniciativas para reforçar a coordenação das políticas econômicas e a supervisão dos países", afirmou. EFE.

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