Amã, 1 fev (EFE).- Os protestos na Jordânia culminaram nesta terça-feira na queda do Executivo do primeiro-ministro Samir Rifai, quem apresentou sua renúncia ao rei Abdullah II, que, por sua vez, designou outro antigo chefe de Governo, Maaruf Bakhit, para o cargo.
Segundo um comunicado da Casa Real jordaniana, o monarca solicitou a Bakhit que faça "reformas políticas reais e rápidas".
Nas últimas semanas foram registrados intensos protestos em diversas regiões da Jordânia pedindo a Abdullah II a saída de Rifai. No último dia 28, após a oração muçulmana das sextas-feiras, milhares de pessoas protestaram em Amã e outras cidades do país.
Essa não se tratou da primeira manifestação, já que nas últimas sextas-feiras os jordanianos vinham saindo às ruas para protestar pela decisão do Governo de subsidiar os produtos básicos e cancelar os impostos sobre determinados tipos de combustíveis, que eles consideraram insuficientes.
A intensificação dos protestos levou o rei a pedir na quinta-feira passada ao Governo e ao Parlamento que acelerasse as reformas políticas, econômicas e sociais em discurso diante da Assembleia Legislativa, que foi convocada para analisar a insatisfação da população.
Em seu discurso, Abdullah II solicitou a modificação da lei eleitoral, muito criticada pelo maior partido do país, a opositora Frente de Ação Islâmica (FAI), que a utilizou como pretexto para boicotar as eleições parlamentares de 9 de novembro.
"Todos os funcionários em questão devem assumir suas responsabilidades e tomar suas decisões de uma maneira audaciosa, clara e transparente", disse o rei.
Rifai foi nomeado primeiro-ministro pelo monarca em dezembro de 2009 e este era seu segundo Executivo, designado após as eleições parlamentares de novembro.
Por sua vez, Bakhit foi nomeado primeiro-ministro em 2006 e permaneceu no cargo até pouco depois do pleito legislativo de novembro de 2007, no qual a oposição acusou o Executivo de ter manipulado a votação.
Na Jordânia é o rei quem costuma ter a última palavra sobre a continuidade ou não do Governo e também quem designa o primeiro-ministro.
Mesmo assim, Abdullah II se manteve a salvo de críticas por pertencer a uma dinastia que supostamente descende do profeta Maomé e por estar casado com uma mulher de origem palestina, a rainha Rania, respeitada pelos palestinos que vivem na Jordânia, que representam 65% da população.
Em seu discurso diante do Parlamento na quinta-feira passada, o monarca pediu aos políticos que assumam seus erros, em referência a alguns ministros que supostamente recorreram à proteção do rei.
"Todos os assuntos devem ser abertos ao público, as dúvidas devem ser resolvidas e os erros corrigidos", disse Abdullah II, quem ressaltou que os casos de corrupção devem ser investigados.
A renúncia de Rifai se produz em um clima de protestos populares no mundo árabe desencadeados após a queda do presidente tunisiano Zine El Abidine Ben Ali.
Há uma semana a população do Egito sai às ruas para pedir a renúncia do presidente Hosni Mubarak, de 82 anos, que está no poder há três décadas. EFE