Madri, 2 abr (EFE).- O presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, defendeu nesta segunda-feira as duras medidas realizadas em seus 100 primeiros dias à frente do Executivo e reiterou seu compromisso com o cumprimento do limite de 5,3% do Produto Interno Bruto no déficit público este ano.
"Descumprir os acordos, os compromissos, gera uma perda credibilidade", afirmou Rajoy em reunião do Comitê de Direção do conservador Partido Popular (PP) na qual fez um balanço de seus três primeiros meses de Governo.
O líder conservador disse que nesses 100 dias foram feitas "mais reformas que em sete anos" e reprovou o Governo socialista anterior que não cumpriu com seu compromisso de diminuir o déficit a 6% do PIB.
Com esse descumprimento, a Espanha gastou 25 bilhões de euros a mais que o número comprometido com os parceiros da UE e com todo o mundo, afirmou.
Por isso, Rajoy acredita que a credibilidade do país diminuiu e agora "é absolutamente indispensável reduzir o déficit público", e afirmou que seu Governo está "comprometido com os 5,3%" previstos.
Se o Governo anterior, presidido por José Luis Rodríguez Zapatero, tivesse cumprido com o objetivo, "hoje teríamos que economizar 18 bilhões a menos e em 2013, 10 bilhões a menos", afirmou.
Neste contexto, ele defendeu o duro Orçamento Geral do Estado apresentado na sexta-feira, que contempla um ajuste de 27,3 bilhões de euros para este ano.
Nesse projeto, disse Rajoy, "há muitas coisas que não agradam, mas estas medidas são imprescindíveis e absolutamente necessárias para pôr as bases" da recuperação do país e "dar um sinal muito necessário" aos parceiros da UE e àqueles que financiam o país.
O presidente lembrou que a Espanha precisará este ano de "quase 60 bilhões de euros emprestados".
"O Governo é plenamente consciente que são orçamentos duros, dolorosos. Tivemos que fazer coisas que não gostamos de fazer, mas que são necessárias para não incorrer nos erros do passado e pôr o país em uma situação ainda pior", acrescentou.
O projeto dos orçamentos para este ano contempla um corte de 16,9% da despesa média dos ministérios, a modificação do imposto de sociedades às grandes empresas e um perdão fiscal, através de um encargo de 10% para regularizar as rendas não declaradas dentro e fora do país, um dos pontos que levantou maior polêmica.
Rajoy afirmou também que continuará com as reformas, completando a do setor financeiro para que o crédito volte a fluir a pequenas e médias empresas e às famílias, e com medidas para que a economia espanhola melhore sua competitividade.
Além disso, ele alertou às comunidades autônomas - que transferiram muitos poderes, como Saúde e Educação - que devem reduzir também suas despesas e seu déficit público, da mesma forma que as Prefeituras.
Nesta tarde, Rajoy tem prevista uma reunião com uma delegação da CDU, o partido da chanceler alemã, Angela Merkel, para detalhar o conteúdo das reformas empreendidas por seu Governo. EFE