Washington, 14 ago (EFE).- Reforçar as medidas de segurança
contra os imigrantes ilegais causaria aos Estados Unidos uma perda
líquida de US$ 80 bilhões em uma década e por outro lado legalizar
trabalhadores estrangeiros traria um aumento de receita, segundo um
relatório do Instituto Cato apresentado hoje.
"A legalização de trabalhadores imigrantes de baixas destrezas
trabalhistas produziria um aumento significativo na receita dos
trabalhadores e lares americanos", afirma o relatório de 22 páginas
apresentado pelo acadêmico Peter B. Dixon.
O estudo analisa o impacto econômico que teriam sete possíveis
cenários para resolver o problema da imigração ilegal, entre estes o
reforço da vigilância na fronteira, as batidas trabalhistas, um
programa de trabalhadores hóspedes e uma via para a legalização da
população sem documentos.
O relatório foi divulgado em um momento em que o Governo do
presidente Barack Obama reiterou seu desejo de que o Congresso
apronte uma minuta para a reforma migratória até o final do ano e o
submeta a debate no começo de 2010.
Calcula-se que haja cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais nos
EUA, dos quais, segundo o estudo, 8,3 milhões participam do mercado
de trabalho.
Os estrangeiros "imigrantes ilegais" constituem cerca de 5% do
total de trabalhadores.
Segundo a análise, a ênfase em medidas para impossibilitar a
passagem de imigrantes ilegais "reduz enormemente o bem-estar das
famílias" de cidadãos e residentes legais no país.
Mas com o aumento do fluxo de imigrantes legais, a economia
americana se expandiria e criaria mais postos de trabalho
qualificados.
Um programa de legalização não só eliminaria o enorme custo do
contrabando de imigrantes ilegais, mas também facilitaria as
oportunidades de emprego em postos que requerem maiores destrezas
trabalhistas.
Se o Governo, por exemplo, cobrasse um "imposto" para emitir
vistos, isso representaria 1,27% do Produto Interno Bruto dos EUA,
ou o equivalente a US$ 180 bilhões em um prazo de dez anos.
Para Mary Giovagnoli, diretora do Centro para Política Migratória
(IPC), este relatório é oportuno porque "reconhece o que os
imigrantes fornecem aos EUA como trabalhadores, pagadores de
impostos e consumidores".
Daniel Griswold, diretor para assuntos comerciais da Cato, disse
à Agência Efe que para destravar o diálogo migratório é necessário
"marginar" os extremistas em ambos os lados do debate.
Por um lado, estão os grupos conservadores que toda a vida se
opuseram aos imigrantes algo que é cíclico na história dos EUA,
especialmente em tempos de recessão.
Pelo outro, estão os sindicatos que respaldam os democratas e
que, ainda agora, continuem se opondo a um programa de trabalhadores
hóspedes, observou Griswold.
"Isso é um grave erro, porque se há uma mensagem que queremos
levar é que um programa de trabalhadores hóspedes, factível e
robusto, é chave para o sucesso de uma reforma migratória",
especificou Griswold. EFE