Frankfurt, 5 mai (EFE).- Ainda que com quedas mais moderadas do
que na terça-feira, as bolsas europeias acumularam um novo pregão de
baixa hoje, pelos temores de que a crise na Grécia se alastre pela
União Europeia (UE) e pelos rumores de que as agências de
qualificação de risco estariam preparando novos rebaixamentos de
nota.
A bolsa de Madri, que ontem recuou 5,41%, teve queda hoje de
2,27%, a nona maior do ano. Já em Londres, o índice FTSE-100 perdeu
1,67% e, em Paris, o indicador de referência cedeu 1,44%.
O DAX-30 de Frankfurt cruzou a barreira psicológica dos seis mil
pontos ao perder 0,81%, acompanhado pela bolsa de Milão, que teve
retração de 1,27%.
A maior queda do dia foi na praça grega. A bolsa de Atenas perdeu
3,9%, em paralelo aos violentos protestos de hoje que deixaram três
mortos e vários feridos.
Os recuos, generalizados, foram superiores aos previstos no
início da tarde, quando as bolsas europeias pareciam ter retomado o
caminho da recuperação encorajadas pelas boas projeções econômicas
da UE.
A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) elevou hoje as
previsões de crescimento econômico do bloco para 2010 de 0,7% para
1%, o que confirma, como disse, que "a recuperação econômica está em
andamento".
No entanto, o Executivo do bloco advertiu que a fragilidade da
demanda interna segue gerando obstáculos para uma recuperação mais
vigorosa.
O comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli
Rehn, afirmou que "a melhora das perspectivas de crescimento
econômico este ano é uma boa notícia para a Europa"
Segundo especialistas, o freio à recuperação foi dado pela
agência de qualificação de risco Moody's, que pôs Portugal sob
"observação" com a possibilidade de diminuir a nota da dívida lusa
dentro de três meses.
A Bolsa de Lisboa fechou hoje com queda de 1,49%, que situou seu
principal índice, o PSI-20, em 6.992,30 pontos, o que atenuou o
forte retrocesso do pregão anterior.
O presidente do Eurogrupo (ministros de finanças da zona do euro)
e primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, descartou
que exista risco de contágio da crise de dívida grega a outros
países de moeda única, como Espanha e Portugal.
"Penso que Espanha e Portugal não estão numa situação que possa
ser comparada com a da Grécia. Portanto, não vejo que exista um
risco de contágio objetivo", disse Juncker à imprensa após seu
discurso sobre o estado da nação.
O presidente do Bundesbank, o banco central alemão, Axel Weber,
parece pensar o contrário.
"Em caso de uma moratória da Grécia, existe um risco
significativo para a estabilidade da união monetária e o sistema
financeiro na frágil situação atual", disse Weber em comparecimento
hoje no Parlamento alemão.
Nesse contexto de crise, os dados favoráveis chegados dos Estados
Unidos, que falam de uma recuperação do mercado de trabalho,
passaram despercebidos, salvo para os investidores em moeda
estrangeira.
O euro manteve seu caminho em desvalorização frente ao dólar e
fechou a US$ 1,28, o que além de constituir um novo mínimo anual
despertou novos temores sobre sua solidez como moeda de reserva.
A diversificação das reservas foi um elemento de apoio ao euro,
divisa que segundo os observadores poderia representar entre 20% e
25% das reservas chinesas.
O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) realiza amanhã em
Lisboa sua sessão mensal, após o que seu presidente, Jean-Claude
Trichet, falará com a imprensa.
Nos mercados financeiros não são esperadas mudanças nas taxas de
juros, mas todos estarão muito atentos aos comentários do banqueiro
francês sobre a Grécia e a evolução atual do euro. EFE