Paco G.Paz.
Washington, 11 mai (EFE).- Cinco dias depois de Wall Street
sofrer uma queda de quase mil pontos, a Comissão de Valores
americana (SEC) ainda não pôde determinar a causa do caos na bolsa
de valores que pôde ser fruto de uma "confluência de fatores".
Assim explicou no Congresso dos EUA a presidente da SEC, Mary
Schapiro, que não titubeou em assegurar que o ocorrido na
quinta-feira passada é "inaceitável" e que é necessário tomar
medidas para que não se repita.
Uma subcomissão da Câmara de Representantes convocou para hoje
uma audiência com Schapiro e com os diretores dos grandes mercados
financeiros com a intenção de averiguar o que passou no dia 6 de
maio entre as 14h30 e às 15h.
Neste dia o temor perante a crise grega e a incerteza pelas
eleições britânicas, entre outros fatores, tinham instaurado desde a
primeira hora uma corrente de baixa em Wall Street, que perdia em
média 160 pontos.
Mas faltando uma hora e meia para o fechamento, o operacional dos
mercados entrou em uma espiral de baixas e em questão de minutos o
Dow Jones Industrial afundou, em queda livre, quase mil pontos.
Apesar da queda ter passado para 348 pontos no fim do pregão, a
montanha-russa na qual a bolsa ficou imersa fez todos os alarmes
soarem, perante a evidência de que em uma situação de pânico as
medidas de controle estabelecidas pelos mercados não funcionariam.
Em princípio surgiu a teoria de que a queda foi originada pelo
dedo trôpego de um operador que, querendo dar uma ordem de venda de
'milhões' de dólares, marcou em seu lugar 'trilhões'.
Mas a teoria do dedo trôpego, ou 'dedão', como foi batizada em
Wall Street, não encontrou respaldo nas investigações desenvolvidas
pela SEC nos últimos dias.
"Embora não podemos descartar esta possibilidade, o certo é que
nem nossas indagações nem as que os mercados e os operadores
apontaram um erro deste tipo", disse Schapiro em seu testemunho
perante o Congresso.
Nesse mesmo sentido se pronunciou o presidente da Comissão do
Mercado de Futuros, Gary Gensler.
Outras teorias apontam que foi uma ordem em massa de venda de
ações do grupo Procter & Gamble que, unida ao pessimismo que se
vivia no dia devido à crise grega e a incerteza pelas eleições
britânicas, entre outros fatores, que provocou a queda.
No entanto, a presidente da SEC também não pôde corroborar esta
hipótese. "Não encontramos nenhum operacional incomum com a Procter
& Gamble que tenha podido desencadear a queda do mercado", disse.
Schapiro também descartou que a baixa dos mercados tenha sido
provocada por um pirata informático ou terrorista, e disse não ter
provas suficientes para assegurar, como indicam outros meios de
comunicação, que a queda se originou no mercado de futuros.
A SEC atribui o caos da bolsa da quinta-feira a "uma confluência
de fatores que, ao unir-se, exacerbaram a tendência de baixa que o
mercado experimentava e provocaram uma extraordinária queda e uma
recuperação posterior".
No entanto, nestes momentos, e devido à complexidade que supõe
analisar as 17 milhões de operações registradas em uma hora, "não
somos capazes", disse Schapiro aos congressistas, "de assinalar um
só fator como a causa principal. Mas nossa investigação continua".
O que coloca em evidência o incidente da quinta-feira é a
necessidade de tomar medidas que evitem que ele se repita no futuro.
Neste sentido, Schapiro se referiu concretamente à imposição de
"curto-circuitos" na contratação quando se produz uma queda
pronunciada.
O chefe de transações do Nasdaq, Eric Noll, propôs que o
operacional se detenha durante 15 minutos quando o índice Standard &
Poor's 500, que recolhe às maiores empresas do mercado, cair 5%.
Se o índice cai 10% se deterá o mercado uma hora, e se cair 20%,
ele ficará paralisado pelo resto do pregão.
A SEC e os principais mercados constituíram um comitê para
estudar todas as ideias e realizar uma proposta de reforma da
regulação e funcionamento dos mercados. EFE