SEC atribui caos na bolsa a uma "confluência de fatores"

Publicado 11.05.2010, 19:06
Atualizado 11.05.2010, 19:35

Paco G.Paz.

Washington, 11 mai (EFE).- Cinco dias depois de Wall Street sofrer uma queda de quase mil pontos, a Comissão de Valores americana (SEC) ainda não pôde determinar a causa do caos na bolsa de valores que pôde ser fruto de uma "confluência de fatores".

Assim explicou no Congresso dos EUA a presidente da SEC, Mary Schapiro, que não titubeou em assegurar que o ocorrido na quinta-feira passada é "inaceitável" e que é necessário tomar medidas para que não se repita.

Uma subcomissão da Câmara de Representantes convocou para hoje uma audiência com Schapiro e com os diretores dos grandes mercados financeiros com a intenção de averiguar o que passou no dia 6 de maio entre as 14h30 e às 15h.

Neste dia o temor perante a crise grega e a incerteza pelas eleições britânicas, entre outros fatores, tinham instaurado desde a primeira hora uma corrente de baixa em Wall Street, que perdia em média 160 pontos.

Mas faltando uma hora e meia para o fechamento, o operacional dos mercados entrou em uma espiral de baixas e em questão de minutos o Dow Jones Industrial afundou, em queda livre, quase mil pontos.

Apesar da queda ter passado para 348 pontos no fim do pregão, a montanha-russa na qual a bolsa ficou imersa fez todos os alarmes soarem, perante a evidência de que em uma situação de pânico as medidas de controle estabelecidas pelos mercados não funcionariam.

Em princípio surgiu a teoria de que a queda foi originada pelo dedo trôpego de um operador que, querendo dar uma ordem de venda de 'milhões' de dólares, marcou em seu lugar 'trilhões'.

Mas a teoria do dedo trôpego, ou 'dedão', como foi batizada em Wall Street, não encontrou respaldo nas investigações desenvolvidas pela SEC nos últimos dias.

"Embora não podemos descartar esta possibilidade, o certo é que nem nossas indagações nem as que os mercados e os operadores apontaram um erro deste tipo", disse Schapiro em seu testemunho perante o Congresso.

Nesse mesmo sentido se pronunciou o presidente da Comissão do Mercado de Futuros, Gary Gensler.

Outras teorias apontam que foi uma ordem em massa de venda de ações do grupo Procter & Gamble que, unida ao pessimismo que se vivia no dia devido à crise grega e a incerteza pelas eleições britânicas, entre outros fatores, que provocou a queda.

No entanto, a presidente da SEC também não pôde corroborar esta hipótese. "Não encontramos nenhum operacional incomum com a Procter & Gamble que tenha podido desencadear a queda do mercado", disse.

Schapiro também descartou que a baixa dos mercados tenha sido provocada por um pirata informático ou terrorista, e disse não ter provas suficientes para assegurar, como indicam outros meios de comunicação, que a queda se originou no mercado de futuros.

A SEC atribui o caos da bolsa da quinta-feira a "uma confluência de fatores que, ao unir-se, exacerbaram a tendência de baixa que o mercado experimentava e provocaram uma extraordinária queda e uma recuperação posterior".

No entanto, nestes momentos, e devido à complexidade que supõe analisar as 17 milhões de operações registradas em uma hora, "não somos capazes", disse Schapiro aos congressistas, "de assinalar um só fator como a causa principal. Mas nossa investigação continua".

O que coloca em evidência o incidente da quinta-feira é a necessidade de tomar medidas que evitem que ele se repita no futuro. Neste sentido, Schapiro se referiu concretamente à imposição de "curto-circuitos" na contratação quando se produz uma queda pronunciada.

O chefe de transações do Nasdaq, Eric Noll, propôs que o operacional se detenha durante 15 minutos quando o índice Standard & Poor's 500, que recolhe às maiores empresas do mercado, cair 5%.

Se o índice cai 10% se deterá o mercado uma hora, e se cair 20%, ele ficará paralisado pelo resto do pregão.

A SEC e os principais mercados constituíram um comitê para estudar todas as ideias e realizar uma proposta de reforma da regulação e funcionamento dos mercados. EFE

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