Noel Caballero.
Bangcoc, 29 set (EFE).- No bairro chinês de Bangcoc, muitos restaurantes oferecem sopa de aleta de tubarão sem se importar com a situação precária destes animais que habitam o mar da Tailândia.
"Há 12 anos, o número de tubarões nos recifes tailandeses diminuiu consideravelmente", afirmou à Agência Efe Gwyn Mills, fundador do The Dive Tribes, grupo que protege animais marinhos.
A cada ano, milhares de turistas de todo o mundo vão à Tailândia para tirar o certificado de mergulho em mar aberto, uma importante fonte de renda para este país.
Ilhas do sul como Koh Tao, Koh Samui e Koh Phangan são os locais perfeitos para estes aventureiros, embora o número esteja diminuindo, pois os turistas "querem mergulhar com os tubarões" e ao não receberem estas garantias preferem ir para outros países que oferecem este tipo de mergulho.
Segundo a organização, o desaparecimento dos tubarões dos recifes também pode causar um grave desequilíbrio ecológico que provavelmente ocasionará uma "catástrofe".
"Estes animais se alimentam de pequenos peixes que, em sua maioria, comem plâncton, produtor de 70% do oxigênio mundial. Assim mantêm o equilíbrio há 420 milhões de anos", explicou Mills.
A frota tailandesa pesca 22 mil toneladas de tubarões por ano para abastecer o mercado interno e exportar para a China. De acordo com a ONG, esta enorme quantidade irá extinguir os tubarões em breve.
Apesar da Organização Mundial da Saúde ter avisado sobre o nível de mercúrio excessivo que a carne de tubarão possui, a sopa de aleta continua sendo uma iguaria na China.
"Não conheço ninguém que tenha morrido por comer carne de tubarão", disse Wan, cozinheira de um restaurante do bairro de Yawaorat, conhecido como a 'Chinatown' da Tailândia.
O crescimento da classe média chinesa foi a causa do aumento da pesca de tubarão. O que antes era um manjar exclusivo dos imperadores, agora é um capricho a alcance de milhões.
No entanto, rostos famosos como o do magnata britânico Richard Branson e do ex-jogador chinês da NBA Yao Ming, fazem parte de uma campanha para conscientizar a população sobre os problemas derivados do consumo da sopa de aleta de tubarão.
"Poucas pessoas conhecem a importância dos tubarões para o equilíbrio ecológico", afirmou Ming durante a apresentação da campanha em Xangai, na China, que destaca a "crueldade" do processo para arrancar a aleta dos animais.
Em 3 de setembro, o The Dive Tribe libertou 60 tubarões que foram comprados em vários portos, lojas de animais de estimação e restaurantes da Tailândia para impedir que terminassem nas caçarolas dos restaurantes.
"A ideia da libertação foi chamar a atenção das autoridades públicas sobre a responsabilidade do país na extinção desses animais", explicou Mills.
A organização irá levar em breve um pedido com 5 mil assinaturas ao Ministério do Meio Ambiente tailandês para que seja aprovado um projeto de lei que proteja os tubarões dentro das águas do país.
Mais de 104 milhões de tubarões são capturados todo ano no mundo, dos quais 78 milhões são apanhados só para a extração da aleta e em seguida devolvidos ao mar, onde morrem sangrando, segundo dados do grupo pró ambiente WildAid.
Países como o Chile, Honduras e Bahamas, alguns estados do Canadá e Estados Unidos e várias ilhas-estado do pacífico têm leis que proíbem a venda, posse e distribuição dos produtos derivados de tubarões.
Várias espécies desse animal, incluindo o tubarão-baleia, o branco e o martelo, estão em risco de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza. EFE