Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A Câmara dos Deputados começou no início da noite desta quarta-feira a sessão para eleger o novo presidente da Casa em substituição a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou ao posto na semana passada, com três nomes despontando como favoritos na disputa entre 14 candidatos.
Inicialmente a sessão estava marcada para às 16:00, mas posteriormente o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), alterou o horário para 19:00 e, minutos depois, voltou a mudar de ideia e a remarcou para as 17:30. A ordem do dia, no entanto, só teve início por volta de 18:30, quando os deputados deram o quórum mínimo necessário para que começassem os discursos dos candidatos.
Cada um dos 14 candidatos poderá discursar por 10 minutos antes que os deputados votem em urna eletrônica. Caso nenhum parlamentar consiga metade mais um dos votos, o que é provável devido ao número de candidatos, será necessário um segundo turno entre os dois mais votados.
O vencedor da eleição comandará a Câmara até fevereiro de 2017.
Os três favoritos na disputa são Rodrigo Maia (DEM-RJ), Marcelo Castro (PMDB-PI) e Rogério Rosso (PSD-DF).
Mais cedo, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) havia registrado candidatura, mas desistiu nesta quarta-feira após o presidente do PT, Rui Falcão, elogiar o peemedebista Castro como um bom nome na disputa.
A petista foi mais uma candidata a se retirar da disputa nesta quarta, após Beto Mansur (PRB-SP) fazer o mesmo mais cedo para apoiar o nome de Rosso. Fausto Pinato (PP-SP) também se retirou da disputa nesta quinta.
Antes de anunciada a desistência da petista, Falcão usou sua conta no Twitter para elogiar Castro. "Leal a Dilma, Marcelo Castro votou contra o golpe e apoia reforma política. Bom nome para derrotar o Cunha na Câmara", escreveu o dirigente petista.
Maia, por sua vez, ganhou o apoio declarado de PSDB, PPS e PSB, além de seu próprio partido DEM, após uma reunião a portas fechadas que começou no meio da manhã.
"Dentre os candidatos o que mais reuniu condições de chegar ao segundo turno e agregar votos de outros partidos do primeiro turno para ganhar as eleições é o nosso Rodrigo Maia", disse o líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM).
Para o líder do PSDB na Casa, Antonio Imbassahy (BA), o lançamento da candidatura de Castro acabou fortalecendo a campanha de Maia.
"Na verdade tem três candidaturas que se apresentam com perspectivas de maior expressão de voto: Rodrigo (Maia), Rosso --que aparentemente está esvaziando um pouco e Rodrigo inflando agora-- e o Marcelo (Castro)", disse.
Ele ressalvou, contudo, que os arranjos feitos agora podem acabar não influenciado o voto no momento final.
NOME ÚNICO
O Palácio do Planalto queria que a base aliada centrasse esforços em torno de um único nome, estratégia que acabou sendo frustrada pela decisão do PMDB de lançar Castro como seu candidato próprio na véspera. O esforço agora é levar Rosso e Maia ao segundo turno.[nL1N19Z12N][nL1N19Y1A4]
Ex-ministro da presidente afastada Dilma Rousseff, Castro é visto com desconfiança por ter votado contra o impeachment.
A entrada de Castro no jogo também enfraquece a candidatura de Rosso, representante do chamado centrão --grupo de pequenos e médios partidos que inclui PSD, PTB, Pros e PP e que dava sustentação ao comando da Casa no mandato do ex-presidente Cunha. Em outra frente, racha os votos da oposição ao presidente interino Michel Temer, incluindo do PT e PDT, que outrora chegaram a flertar com a candidatura de Maia.
Abordado por jornalistas após reunião na primeira-secretaria, Rosso afirmou que está no momento avaliando a candidatura de todos e se engajando na busca por votos. Ele disse não ter um cálculo de votos a seu favor, e classificou a entrada de Castro na disputa como "uma variável diferente".
"Uma coisa é ele ser avulso da bancada. Outra coisa é ele ser (o candidato) da bancada", disse.
Questionado se estaria cogitando desistir do comando da Câmara, Rosso se limitou a dizer que não.
O grande número de postulantes adiciona imprevisibilidade à votação, já que tende a dispersar votos.
Desde a renúncia de Cunha, no dia 7 de julho, surgiram vários nomes para sucedê-lo. O novo presidente da Câmara cumprirá o mandato até o fim de janeiro de 2017, pois em fevereiro se inicia nova legislatura.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres)