Bruxelas, 25 mar (EFE).- A União Europeia (UE) decidiu nesta quinta-feira executar o bloqueio de todas as receitas que o regime de Muammar Kadafi possa obter da venda de petróleo e gás e fez um apelo à comunidade internacional para seguir essa linha, além de apoiar as ações militares realizadas na Líbia.
Os líderes dos 27 países-membros da UE, reunidos em Bruxelas, assinalaram que o bloco "está preparado para iniciar e adotar mais sanções", que incluirão medidas para assegurar que Trípoli não obtenha financiamento das vendas de seus produtos energéticos.
Além disso, eles anunciaram sua intenção de propor ações similares no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para que o bloqueio se estenda a toda a comunidade internacional.
A decisão da União Europeia responde às reivindicações de vários Estados-membros durante os últimos dias, que contou nesta quinta-feira com o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel, que pediu ao Conselho Europeu um "embargo total de petróleo e radicais limitações comerciais" para a Líbia.
O objetivo das novas medidas deve ser "assegurar que Kadafi não pague seus mercenários com os recursos do petróleo", disse em entrevista coletiva o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
A União Europeia tem em vigor toda uma bateria de sanções diplomáticas e financeiras contra o regime líbio.
O último pacote, por exemplo, ataca o poderoso setor energético líbio e bloqueia os ativos da companhia nacional petrolífera NOC, além de cinco empresas filiais.
No âmbito militar, os 27 membros da UE - apesar das divergências - respaldaram nesta quinta-feira os ataques sobre a Líbia realizados pela coalizão internacional, informalmente liderada por França, Reino Unido e Estados Unidos.
Segundo uma declaração pactuada pelos chefes de Estado e de Governo, essas ações "contribuíram significativamente para proteger os civis e áreas povoadas sob ameaça de ataque e permitiram salvar vidas civis".
Após o encontro, Sarkozy defendeu com veemência a atuação internacional e afirmou que, graças a ela, "evitou-se um massacre".
O presidente francês ressaltou que a comunidade internacional cumpre estritamente com o mandato de "proteger a população", tal como determinado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
"Se disparamos contra tanques é porque os tanques disparam contra a população. Se a aviação francesa abateu um avião de Kadafi é porque ele iria atacar a população inocente", ressaltou.
Sarkozy destacou que a coalizão permanecerá na Líbia enquanto houver uma ameaça para os civis.
Enquanto isso, a poucos quilômetros da sede do Conselho Europeu, os embaixadores dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidiam que a Aliança assumiria o comando militar das operações de vigilância da zona de exclusão aérea sobre a Líbia.
A direção aliada se tornará efetiva "nas próximas horas", tal como disse à Agência Efe uma porta-voz da organização.
A Otan decidiu também começar o planejamento militar para possivelmente assumir o controle de todas a operações, o que incluiria os ataques a alvos terrestres para proteger a população civil líbia, indicou uma fonte diplomática.
Sarkozy, reticente a ceder o comando à Otan, disse que, de qualquer forma, será a coalizão de países que intervém na Líbia que manterá a "coordenação política" das ações.
O presidente francês insistiu que não se pode deixar os países árabes marginalizados da operação na Líbia, pois alguns deles, como Catar e Emirados Árabes Unidos, decidiram apoiar as ações internacionais contra o regime de Kadafi. EFE