Bruxelas, 19 mai (EFE).- O comissário de Mercado Interno da União
Europeia (UE), Michel Barnier, apoiou hoje a coordenação em nível
europeu das medidas contra a volatilidade dos mercados financeiros,
como a proibição das chamadas vendas a descoberto da dívida pública,
anunciada pela Alemanha.
"Essas medidas serão ainda mais eficazes se forem coordenadas em
nível europeu", afirmou Barnier em comunicado.
As vendas a descoberto, também conhecidas como short-selling, são
operações financeiras nas quais o negociador vende contratos futuros
de ativos sem possuí-los, apostando na queda do valor para lucrar no
dia de vencimento.
"É importante que os Estados-membros atuem juntos e que
desenhemos um regime europeu para evitar a fragmentação e as
arbitragens regulamentares, tanto dentro da UE como globalmente",
acrescentou.
Os mercados financeiros enfrentam uma situação "incerta e
volátil". Por isso, Barnier disse que "compreende as preocupações"
das autoridades alemãs e austríacas sobre o possível impacto das
vendas a descoberto "neste contexto".
Segundo ele, "seria útil" discutir essa questão na reunião da
próxima sexta-feira em Bruxelas, na qual participarão vários
ministros de Economia da UE, dentro do grupo especial dirigido pelo
presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para discutir
como coordenar as políticas econômicas do bloco.
A Áustria pediu que o assunto seja tratado na reunião de
sexta-feira, anunciou a porta-voz de Mercado Interno na Comissão
Europeia (órgão executivo da UE), Chantal Hughes. Segundo ela, a
decisão final depende de Van Rompuy.
Em declarações, Hughes lembrou que o poder de suspender
temporariamente este tipo de operações "só existe em nível
nacional", mas não na UE. De acordo com a porta-voz, o comissário
Barnier "entende que, em alguns casos, pode fazer sentido
limitá-las".
O órgão regulador de mercado alemão, o BaFin, proibiu
temporariamente as vendas a descoberto de dívida pública de países
da zona do euro.
Além disso, o BaFin proibiu os "credit default swaps" (CDS) da
zona do euro, seguros comprados em troca de títulos ou créditos,
pois eles também representam papéis não-garantidos.
As autoridades da Áustria discutiram a situação com as da
Alemanha, mas Viena ainda não tomou nenhuma decisão nesse sentido.
Barnier lembrou que a Comissão Europeia estabeleceu um grupo de
trabalho para estudar medidas nas vendas a descoberto nos mercados
financeiros, especialmente o mercado de CDS e sua relação com a
dívida soberana dos países.
Barnier ressaltou também que esses eventos demonstram novamente
"a necessidade" de um sistema forte de supervisão dos mercados
financeiros europeus. EFE