União Europeia apoia Portugal e evita falar em resgate

Publicado 24.03.2011, 23:50

Bruxelas, 24 mar (EFE).- A União Europeia (UE) demonstrou apoio a Portugal nesta quinta-feira perante a crise política e econômica que vive o país após a renúncia de seu primeiro-ministro e evitou falar sobre a possibilidade de o país luso ter de recorrer à ajuda internacional.

"Expressamos nossa confiança na capacidade de Portugal para superar a atual situação e também na capacidade de Portugal para encontrar o financiamento que necessita nos próximos meses", explicou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que negou que os líderes da UE tenham discutido um eventual resgate durante o primeiro dia de cúpula da UE.

"Acreditamos que a democracia portuguesa resolverá esta crise política de forma decisiva e o mais rápido possível", insistiu Barroso.

O primeiro-ministro português, José Sócrates, apresentou sua renúncia na noite de quarta-feira, depois de o Parlamento ter votado contra um novo pacote de ajustes e reformas econômicas para recuperar a confiança na economia portuguesa.

Durante o primeiro dia de cúpula, Sócrates fez um emocionante discurso no qual garantiu aos seus colegas europeus que Portugal cumprirá os compromissos de redução do déficit e reformas estruturais estipulados com Bruxelas sem depender da postura do partido que ficar à frente de seu país após sua renúncia, segundo explicaram fontes comunitárias.

Barroso insistiu que é essencial que Portugal cumpra plenamente seus objetivos de redução do déficit para sair da crise e frear a escalada de sua dívida.

O plano de Sócrates pretendia reduzir o déficit a 4,6% do PIB em 2011; a 3% em 2012 e a 2% em 2013.

O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, foi mais duro em sua mensagem e manifestou que a aplicação de novas medidas de ajuste não deve depender dos partidos que estiverem no poder, pois "se trata de um acordo firmado entre a Eurozona e Portugal".

O primeiro-ministro de Luxemburgo explicou que transmitiu esta mensagem ao líder da oposição portuguesa, o líder do PSD (centro-direita), Pedro Passos Coelho, a quem deixou claro que "são necessários esforços suplementares", em reunião realizada à margem da cúpula.

Horas antes de participar da cúpula, Juncker chegou a dizer em entrevista que não descarta que Portugal tenha que fazer uso da assistência financeira de seus parceiros e chegou até a apresentar um cálculo sobre sua necessidade financeira: 75 bilhões de euros.

Apesar de as discussões terem ficado centradas na crise portuguesa, os líderes da União Europeia deram sinal verde ao pacote de medidas com o qual pretendem atenuar a crise da dívida.

Este pacote inclui a criação de um fundo permanente para resgatar países da quebra, uma reforma da responsabilidade orçamentária para promover o rigor fiscal, assim como um novo sistema para vigiar problemas econômicos como as bolhas imobiliárias.

Como estava previsto, os líderes da UE deixaram para depois a reforma do fundo de resgate temporário, que ficará em vigor até que seja substituído pelo fundo definitivo em 2013, mas se comprometeram a tê-la pronta antes de junho, de modo que possa emprestar os 440 bilhões comprometidos durante sua criação.

Dentro do pacote de medidas se encontra o Pacto pelo Euro, para promover a competitividade no continente e ao que nesta quinta-feira aderiram seis países de fora, o que provocou fortes protestos dos sindicatos fora do perímetro isolado para a realização da cúpula.

"Algumas pessoas temem que este trabalho seja um desmantelamento do bem-estar social e da proteção social. Como disse no almoço, é para salvá-lo. O que estamos fazendo é garantir que nossas economias sejam suficientemente competitivas para criar empregos e sustentar o nível de vida de nossos cidadãos", avaliou o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy.

Fontes diplomáticas explicaram que a apresentação de compromissos concretos por parte dos países, dentro deste Pacto pelo Euro, acontecerá nesta sexta-feira, em consequência de a agenda do dia ter se atrasado devido à prolongada discussão sobre a situação de Portugal. EFE

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