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Vazamento de petróleo ameaça fauna e flora no Golfo do México

Publicado 16.05.2010, 10:02

Teresa Bouza.

Washington, 16 mai (EFE).- Como a cada mês de maio, as tartarugas marinhas do Golfo do México depositam seus ovos nas praias da região em um ritual que corre perigo perante a presença massiva de petróleo nas águas da região.

Michael Ziccardi, um veterinário com experiência em 50 vazamentos petrolíferos, está no centro da campanha para o resgate de animais do Golfo, que entrou em alerta esta semana após a aparição de vários golfinhos mortos.

Ziccardi dirige o Centro para o Cuidado da Fauna e Flora Contaminados por Vazamentos da Universidade da Califórnia e coordena há semanas com o Governo dos Estados Unidos e 200 organizações ambientais os planos para tratar as tartarugas e os mamíferos marítimos ameaçados pelos desastre ecológico.

A área é o habitat de animais ameaçados de extinção como as espécies de tartarugas marinhas Kemp Ridley, Hawksbill, Loggerhead e Leatherback e do polêmico atum vermelho, cuja população caiu em mais de 80% devido a sua pesca predatória.

O vazamento, que começou no dia 20 de abril após a explosão de uma plataforma petrolífera, ameaça também a multidão de aves marinhas como os pelicanos marrons e os cerca de dois quilômetros quadrados de mangues dos estados da Louisiana, Texas e o sul da Flórida, locais críticos para o equilíbrio do frágil ecossistema da região.

Por enquanto, Ziccardi explicou à Efe que "houve sorte" já que só foram encontrados pássaros com restos de petróleo.

O grosso da mancha ainda não alcançou à costa graças às condições meteorológicas positivas e ao questionado uso de químicos "dispersantes", que fracionam o petróleo em partículas pequenas capazes de serem assimiladas pelos microorganismos marinhos.

Mesmo assim, tanto Ziccardi como outras organizações que vigiam a situação acham que o impacto visível sobre os animais é só questão de tempo.

Margot Stiles, bióloga marinha do grupo ecológico Oceana, chama a atenção sobre um agravante: é época de reprodução de muitos animais.

"Há vários peixes que põem seus ovos em abril e nos meses da primavera (boreal) e estão flutuando em petróleo e não sabemos como eles vão se desenvolver", explicou Stiles.

As tartarugas marinhas também devem depositar seus ovos no litoral nesta época e muitas aves marinhas estão em período de acasalamento.

"Isto estar acontecendo na primavera realmente piora as coisas", disse Laurie Macdonald, diretora do Defenders of Wildlife na Flórida à Efe.

"Quanto mais tempo o petróleo permanecer na água, maior é o risco", afirmou Ziccardi.

Os dados oficiais indicam que a cada dia 800 mil novos litros de petróleo são lançados no mar, embora os cientistas entrevistados em um artigo publicado nesta sexta-feira pelo jornal "The New York Times" estimem que o número pode ser quatro ou cinco vezes maior.

Enquanto isso, a descoberta dos restos mortais de ao menos seis golfinhos e mais de uma centena de tartarugas marinhas nos últimos dias disparou os alarmes.

Para esclarecer as mortes, os cientistas realizam necropsias nos animais, o equivalente às autópsias humanas, um processo que deve durar várias semanas.

Calcula-se que o delta do rio Mississipi é frequentado nesta época do ano por entre três mil e cinco mil golfinhos e que sua população total no Golfo do México seja de cerca de 75 mil.

Tendo em vista o que pode acontecer, as organizações se prepararam para "o pior" e habilitaram grandes instalações para o tratamento de animais, entre elas um zoológico em Nova Orleans, o Instituto para o estudo de Animais Marítimos em Gulf Port (Mississipi) e dois zoológicos na Flórida, além de vários centros para aves marinhas. EFE

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