Madri, 27 mar (EFE).- Os jornalistas da Argentina, Bolívia, Brasil, Equador e México, premiados com os Prêmios de Jornalismo Rei da Espanha, destacaram nesta terça-feira "o respaldo" que a premiação supõe tanto para suas carreiras como para o jornalismo exercido na América Latina, muitas vezes "de risco".
Juntos aos Prêmios de Jornalismo Rei da Espanha, organizados anualmente pela Agência Efe e pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), ocorre também o Prêmio Don Quixote de Jornalismo, entregue nesta edição ao jornalista espanhol Ricardo Cantalapiedra.
Os premiados receberão seus prêmios nesta quarta-feira, em uma cerimônia realizada na Casa da América, presidida pelos reis Juan Carlos e Sofía.
O fotógrafo brasileiro Wilton Júnior, do jornal "O Estado de S.Paulo", levou o Prêmio nesta categoria com uma imagem que retratava a presidente Dilma Rousseff sendo aparentemente "transpassada" por uma espada carregada por um militar.
Além de expressar sua alegria em receber o prêmio, Júnior afirmou que este prêmio reconhece a fotografia de seu país e o jornalismo que é feito na América Latina.
O boliviano Fernando Molina, vencedor do Prêmio Rei da Espanha no afastado Ibero-americano pelo artigo "Pensar Hispanoamérica: el inicio", publicado no jornal "Página SIETE", ressaltou seu interesse por recuperar o debate "entorno desta identidade comum".
Durante uma visita à sede da Agência Efe em Madri, Molina considerou que o prêmio supõe "um respaldo" tanto para o jornalismo na América Latina como para "algumas ideias que não são muito populares em alguns países".
A mexicana Dalia Martínez, premiada ao lado de Humberto Padgett na categoria Imprensa pela reportagem sobre "la república marihuanera", exaltou a concessão do prêmio como uma forma de reconhecer o "jornalismo arriscado" que é feito em seu país.
"O México é um país perigoso para a profissão e, apesar disso, há companheiros que seguem contando suas histórias", disse à Agência Efe Dalia, cujo trabalho foi publicado na revista "emeequis".
Premiados na categoria Televisão por uma emissão ao vivo em "Ecuavisa" sobre a retenção do presidente Rafael Correa durante uma rebelião policial em 2010, Héctor Hernán Higuera e Antonio Eduardo Narváez também fizeram referência ao jornalismo "de risco" exercido em seu país.
O argentino Alberto Emilio Recanatini, diretor da equipe de Rádio premiada com um programa sobre oficinas clandestinas nos bairros pobres de Buenos Aires, transmitida pela "FM La Tribu", indicaram que esse trabalho é "o mais contundente" que já fizeram.
"Este tipo de trabalho é muito difícil ser aceito pelas rádios comerciais, pela temática que se tratava e pelos interesses que tocava. Então, os prêmios foram como um respaldo para dizer: 'este trabalho valeu a pena'", disse Mauro Saraniti, outro integrante da equipe.
O também argentino Pablo Loscri, agraciado com o prêmio em Jornalismo Digital, assinalou o trabalho premiado, um especial multimídia que reconstrói o julgamento contra as três primeiras juntas da ditadura argentina, supôs "um desafio bastante grande".
"Não foi apenas um trabalho de muita pesquisa do que tinha sido o julgamento, mas também um trabalho de experimentar novas tecnologias que não tínhamos trabalhado antes", explicou Loscri em referência ao especial "Juicio a las Juntas", publicado no site "clarin.com".
O espanhol Ricardo Cantalapiedra - premiado pelo artigo "Los seres queridos", publicado pelo jornal "El País", declarou que, "após exercer o jornalismo quase 32 anos", receber o Prêmio Don Quixote de melhor trabalho escrito é motivo de "muita satisfação e de emoção". EFE