Madri, 12 jul (EFE).- A Copa do Mundo que terminou ontem à tarde
com a vitória da Espanha irá melhorar a auto-estima e a percepção do
país fora de suas fronteiras, mas não deve repercutir diretamente no
Produto Interno Bruto (PIB).
Nos últimos anos, diferentes estudos tentaram medir o impacto
econômico da Copa na economia dos finalistas.
Em 2006, quando o Mundial foi realizado na Alemanha, o banco
holandês ABN Amro realizou um estudo que afirmava que o PIB do país
ganhador teria um crescimento adicional de 0,7%, ao mesmo tempo em
que o do país perdedor se reduziria em 0,3%.
No entanto, o próprio relatório reconhecia que nem a Alemanha
após ganhar o campeonato de 1974, nem Argentina após vencer a Copa
em 1978 tiveram aumentos do PIB.
Neste ano, o MasterCard publicou um estudo realizado pela KRC
Research que calculava que levantar a taça da Copa podia render
lucros próximos aos 50 bilhões de euros.
O economista-chefe do Intermoney, José Carlos Díez, explicou hoje
à Agência Efe que não se pode negar um efeito positivo na imagem
exterior da Espanha e inclusive uma pequena alta do consumo interno,
mas que é quase impossível medir esse impacto mediante porcentagens
do PIB.
Díez lembrou que com as três partidas disputadas em junho já foi
possível notar um aumento do consumo, embora ele duvide que isso
suponha "coçar alguma décima para o PIB".
Ao mesmo tempo, manifestou suas dúvidas de que o crescimento da
Holanda se veja prejudicado pela derrota.
Em qualquer caso, acrescentou, o efeito seria a muito curto
prazo, excetuando a melhora da auto-estima da Espanha pelo que
denomina o "impacto nas emoções" de um objetivo perseguido há mais
de 50 anos.
Ele admitiu sim uma melhora na imagem exterior, já que expor o
nome do país para 700 milhões de pessoas no mundo todo "não se pode
pagar com dinheiro".
A euforia contagiou também a alguns membros do Governo espanhol,
já que o ministro da Indústria, Comércio e Turismo, Miguel
Sebastián, se mostrou convencido há poucos dias de que se a Espanha
ganhasse o Mundial a previsão de crescimento do PIB poderia
melhorar.
Estefanía Ponte, da Fortis BNP Paribas, reconheceu que parte do
efeito ficará refletido nos dados de consumo do segundo trimestre e
talvez nas vendas a varejo de julho, mas esclareceu que o efeito
será temporário.
Ainda mais cético foi Álvaro Blasco, da Atlas Capital, que
lembrou que a situação atual é "muito complexa" e a crise muito
profunda.
A incidência da vitória da Espanha, assinalou, será mínima, e se
limitará a uma "miragem passageira" que terá talvez um efeito
visível em um pequeno aumento da despesa, mas só.
Para a indústria espanhola, acrescentou, o impacto é nulo, e
ironizou ao apontar que "inclusive a maioria das bandeiras e
camisetas não são fabricadas na Espanha".
Em seu relatório semanal, o economista-chefe do Royal Bank of
Scotland (RBS) expressou o desejo de que o empurrão esportivo seja
acompanhado pela recuperação econômica, e disse que a Espanha
"precisará de todas suas reservas" para manter seu espírito
competitivo nos próximos anos. EFE