La Paz, 4 abr (EFE).- Uma votação pacífica com participação em
massa foi a marca das eleições departamentais e municipais
realizadas hoje na Bolívia e que definirão o alcance do poder
político de Evo Morales e da oposição.
As zonas eleitorais instalados na Bolívia começaram a fechar a
partir das 16h local (17h, Brasília) após oito horas de votação em
um pleito em que 5.059.453 eleitores estavam habilitados para votar.
Salvo incidentes menores, a principal característica da jornada
eleitoral foi a tranquilidade e a afluência dos bolivianos às mesas
de votação, segundo a Corte Nacional Eleitoral (CNE) e a Organização
dos Estados Americanos (OEA).
O ex-presidente do Panamá e chefe da missão de Observadores do
organismo multilateral, Arístides Royo, disse que a votação se
"desenvolveu de forma pacífica e com altos níveis de participação".
Mesmo diagnóstico do presidente da CNE, Antonio Costas, que
considerou a votação "bem-sucedida" e o dia dedicado ao "complexo
evento eleitoral".
Costas se referia a passagem decisiva que a Bolívia dará hoje em
seu propósito de construir um Estado autônomo, porque além de
escolher os nove governadores do país, eleitores designarão os 267
membros das novas assembléias departamentais, que pela primeira vez
terão capacidade legislativa em seus territórios.
Os bolivianos também escolhem 337 prefeitos, 1.851 vereadores,
oito subgovernadores, 11 executivos setoriais de desenvolvimento e
19 corregedores de setor, no total 2.502 novas autoridades.
Analistas críticos a administração Morales advertiram hoje do
problema que supõe para o Estado esse elevado número de autoridades
territoriais sem que se tenha sido aprovada ainda a Lei de
Autonomias, cuja apresentação perante a Assembleia Legislativa por
parte do Governo está prevista para os próximos dias.
Além disso, estas eleições podem desenhar um novo mapa político
nos departamentos e nas Prefeituras onde ainda existem redutos
controlados por opositores ao presidente.
Morales, que como sempre votou em seu bastião cocaleiro do
Chapare (centro), destacou que durante seu mandato presidencial a
Bolívia aprofundou a democracia com a realização de diversos
processos eleitorais e consultivos, ao contrário dos períodos
políticos anteriores marcados, indicou, por golpes de Estado,
ditaduras militares e a posterior "democracia pactuada".
"Vamos demonstrar que a Bolívia é um país democrático, que não
somente se expressa na legitimidade, mas também na legalidade e na
constitucionalidade", disse o presidente.
As pesquisas apontam para a vitória dos candidatos governistas em
La Paz, Oruro, Potosí, Cochabamba; a oposição em Santa Cruz e Beni;
enquanto as leituras de intenções de voto são diversas em Tarija,
Pando e Chuquisaca.
Em dezembro de 2005 Morales foi eleito presidente da Bolívia com
um apoio do 53,7%; em julho de 2006, seu partido ganhou a eleição da
constituinte (50,7%); e em agosto de 2008, Morales venceu no
referendo sobre mandatos (67,4%).
Em janeiro de 2009 se impôs nas urnas o projeto de nova
Constituição (61,4%) e em dezembro conseguiu a reeleição para o
período de 2010-2015, graças a um apoio do 64,2%.
Entre as incidências da jornada de hoje destaca-se a denúncia do
Governo central que acusou à Prefeitura interina de Tarija (sul) de
ter instruído o fechamento da fronteira com a Argentina para evitar
que os bolivianos residentes nas zonas próximas do país vizinho
votassem.
No entanto, a Corte Eleitoral esclareceu que se trata de uma
norma emitida por este organismo vigente em todas as passagens
fronteiriças do país.
Além disso, 300 pessoas foram detidas por descumprir o chamado
"Auto de Bom Governo" que rege os processos eleitorais bolivianos e
impede a circulação de veículos, salvo autorização expressa, e
consumo de bebidas alcoólicas durante o dia de votação. EFE