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FMI prevê mais perdas na zona do euro e pede nova estratégia

Publicado 08.06.2009, 18:18
Atualizado 08.06.2009, 18:35

César Muñoz Acebes.

Washington, 8 jun (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse hoje que a zona do euro precisa de uma estratégia para ajudar seu sistema financeiro, que, segundo o organismo, sofrerá ainda "perdas consideráveis" pela recessão.

Os números econômicos dos 16 países de moeda única deram indícios de que o pior pode ter passado, mas o FMI mostrou em sua análise periódica que a recuperação poderá ser frágil caso não haja uma limpeza profunda nos bancos.

A entidade acredita que "a redução da atividade (econômica) deve se moderar durante o resto de 2009 e dar lugar a uma recuperação modesta na primeira metade de 2010".

"Quando finalmente aparecer, a recuperação provavelmente será frágil" disse Marek Belka, diretor do departamento da Europa do FMI, aos ministros de Finanças da zona do euro reunidos hoje em Luxemburgo.

O desemprego na zona de moeda única está em 9,2% e os analistas preveem que seguirá sua escalada nos próximos meses, o que prejudicará a recuperação.

Outro fator prejudicial à atividade econômica é a valorização do euro, que segundo o FMI encarece as exportações.

A economia da zona do euro teve contração de 2,5% no primeiro trimestre do ano, a pior desde o início dos registros em 1995, e para todo 2009 o Banco Central Europeu (BCE) estima uma contração de entre 5,1% e 4,1%.

No campo fiscal, os analistas do FMI consideram que a Europa deve continuar em 2010 com as medidas de estímulo anunciadas até agora e aprovar novas ações apenas em caso de emergência.

A postura reflete a mudança de tom na instituição, que no último ano tinha pressionado os países avançados a gastar mais para atenuar os efeitos da recessão, mas que agora voltou a alertar sobre o perigo do alto déficit orçamentário.

Em sua declaração hoje, o FMI reiterou seu conselho para que a zona do euro faça reformas estruturais, como a melhora da educação e a liberalização dos serviços, como forma de sair da crise com bases mais firmes.

No entanto, manteve o olhar principalmente no mais imediato e o que viu foi um grande buraco na política da zona de moeda única sobre o setor financeiro.

"Um elemento-chave que falta é uma estratégia ativa para lidar com um sistema financeiro debilitado, que inclua uma revisão das necessidades de capital para suportar a recessão, a limpeza do sistema financeiro de seus ativos de má qualidade e a reestruturação das instituições mais frágeis", assinalou o FMI.

A União Europeia (UE) prepara uma prova similar à feita pelos EUA para avaliar a resistência dos maiores bancos, cujos resultados deveriam estar prontos antes de setembro, embora sejam confidenciais.

O Fundo previu que os bancos sofrerão perdas "consideráveis" adicionais pela recessão, no momento em que ainda têm dificuldades para se financiar e o volume de créditos que estendem é baixo.

"Uma limpeza resolvida e coordenada do sistema bancário é agora fundamental para restabelecer a confiança no sistema financeiro", destacou a entidade.

Essa limpeza passa pela nacionalização de algumas entidades, a recapitalização de outras e a liquidação das insolúveis, segundo o FMI.

A deflação também é uma ameaça para a Europa, embora pequena, segundo o FMI, que disse que poderia se materializar caso a crise se agrave.

O índice de preços ao consumidor anualizado de maio marcou 0% pela primeira vez na história e os analistas e o próprio FMI preveem que a zona do euro caia em um período temporário de redução de preços.

O perigo é que esta redução se reflita nas expectativas dos consumidores e estes evitem gastar à espera de que os preços caiam ainda mais.

Nesse contexto, o FMI aconselhou o Banco Central Europeu (BCE) que estude a possibilidade de cortar ainda mais a taxa básica de juros, atualmente em 1%. EFE

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