Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira que não há motivo para mudanças ministeriais envolvendo os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e da Casa Civil, Rui Costa, em meio a críticas de parlamentares à articulação política do governo.
Alckmin disse entender que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende substituir nenhum dos dois e avaliou, em entrevista à CNN Brasil, que "solavancos" são naturais na política, acrescentando que o grande número de partidos dificulta um pouco a governabilidade.
"Eu diria que os dois estão em ministérios importantes e fazendo um bom trabalho. O ministro Fernando Haddad é super elogiado", disse o vice-presidente, citando o projeto do novo arcabouço fiscal como uma medida "inteligente".
"Então está indo bem, não tem razão para mudar", afirmou, referindo-se a Haddad.
"E o Rui Costa também. A Casa Civil é do governo. É para dentro do governo. E ele tem experiência, foi duas vezes governador da Bahia, elegeu o sucessor, tem experiência administrativa", acrescentou Alckmin.
O vice-presidente concluiu ponderando que quem é governo tem que saber "dizer 'não'" às vezes, do contrário não poderia estar em cargo no Executivo.
Segundo reportagem do Valor Econômico nesta terça-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), teria sugerido a Lula que Haddad substituísse Costa na Casa Civil com vistas a melhorar a interlocução do governo com o Congresso.
Questionado, Alckmin avaliou a conjuntura política e a relação com o Congresso Nacional, dizendo-se otimista com a aprovação da reforma tributária e comemorando a aprovação na Câmara dos Deputados do novo marco fiscal -- que, para ele, será aprovado no Senado por uma larga margem de votos.
"A reforma tributária, eu acho que está madura, eu acho que há um entendimento, tanto do presidente (da Câmara) Arthur Lira (PP-AL) como o presidente (do Senado) Rodrigo Pacheco (PSD-MG). E o governo vai se empenhar, porque essa é uma reforma que traz eficiência econômica", defendeu o vice-presidente.
O relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), anunciou nesta terça-feira as principais diretrizes que vão nortear seu parecer e afirmou que o texto será levado ao plenário da Câmara para votação na primeira semana de julho, segundo acerto já feito com o presidente da Casa.
Na entrevista, Alckmin também comentou a taxa de juros no país, avaliando que a tendência é que ela caia no segundo semestre.
"Precisamos reduzir os juros. Já está caindo os juros futuros. E eu tenho muita convicção de que nós vamos ter nos próximos meses uma redução da taxa Selic. Até porque o governo tem compromisso com a responsabilidade fiscal", afirmou.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o patamar da taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. Lula considerou que o país voltará a ter crédito barato em meio a divulgação de uma série de índices que têm dado sinais de arrefecimento da pressão dos preços.