Por Sarah Marsh
HAVANA (Reuters) - A Anistia Internacional classificou um dos principais dissidentes de Cuba como "prisioneiro de consciência" na sexta-feira, dizendo que forças de segurança parecem tê-lo sob supervisão e incomunicável no hospital onde as autoridades o internaram há quase três semanas.
O artista Luis Manuel Otero Alcántara, de 33 anos, vinha realizando uma greve de fome e sede há sete dias em sua casa na Havana Velha para protestar contra o que chamou de assédio do Estado quando as autoridades de saúde o transferiram para o hospital em 2 de maio.
O departamento de saúde cubano disse na ocasião que os médicos não encontraram nenhum sinal de desnutrição e que Otero Alcántara estava em condição estável.
Apoiadores questionam por que ele permanece no hospital e incomunicável, acrescentando que a polícia os impediu de visitá-lo. Otero Alcántara não respondeu às tentativas da Reuters de contatá-lo por telefone e redes sociais.
Vídeos dele no hospital postados online por contas pró-governo, incluindo um na quinta-feira em que ele parecia mais magro e encurvado, alimentaram ainda mais os temores dos apoiadores.
"Luis Manuel não deve ficar mais um dia sob custódia do Estado", disse Erika Guevara-Rosas, diretora da Anistia Internacional para as Américas. “É hora de as autoridades cubanas reconhecerem que não podem silenciar todas as vozes independentes do país.”
Otero Alcántara é líder do Movimento San Isidro, um grupo de algumas dezenas de artistas, escritores e ativistas que protestou contra as restrições às liberdades civis em Cuba nos últimos anos, muitas vezes por meio de apresentações provocativas.