Por Jonathan Stempel
NOVA YORK (Reuters) - Uma advogada representando R. Kelly sofreu nesta segunda-feira para convencer um tribunal federal de apelações a reverter a condenação e a sentença de 30 anos de prisão da ex-superestrela do R&B por tráfico sexual.
Kelly, 57 anos, está recorrendo da condenação que recebeu de um júri do Brooklyn, Nova York, em setembro de 2021 por todas as nove acusações contra ele, incluindo extorsão e oito denúncias de ter violado a Lei Mann, que proíbe o transporte de pessoas entre fronteiras estaduais para prostituição.
Sua advogada, Jennifer Bonjean, disse ao Tribunal de Apelações do 2º Circuito que os procuradores federais não conseguiram provar que o cantor liderou um esquema de extorsão em que ele recrutou garotas menores de idade para sexo e depois violou várias vítimas.
As perguntas do painel com três juízes em Manhattan sugerem que poderá ser difícil convencê-los.
“O governo não provou que um dos propósitos desse empreendimento era recrutar garotas para que Kelly pudesse praticar atividades sexuais ilegais?”, perguntou o juiz Denny Chin.
Bonjean disse que isso não foi feito mediante provas como funcionários de Kelly distribuindo o telefone dos bastidores do cantor, talvez mais conhecido pelo seu hit vencedor do Grammy em 1996, “I Believe I Can Fly”.
“Não houve evidências de que alguém saiu dizendo ‘Posso saber qual é a sua idade, você é menor de idade, venha aqui atrás, queremos servi-la ao senhor Kelly’”.
O juiz Richard Sullivan sugeriu que as idades de algumas das acusadoras eram óbvias.
"A aparência dessas garotas seriam prova suficiente, não?”, perguntou ele a Bonjean.
“Parecer jovem não significa que você sabe que alguém é menor de idade”, respondeu Bonjean.
“SEM SAÍDA”
Kelly, cujo nome completo é Robert Sylvester Kelly, está entre as pessoas mais famosas que foram condenadas por má conduta sexual durante o movimento #MeToo.
Sua condenação chegou após duas décadas de acusações, as quais ele negou repetidas vezes.
Kelly está preso desde julho de 2019, agora na prisão Butner, na Carolina do Norte, que abrigou o falecido líder de um esquema de pirâmide, Bernard Madoff. Ele terá 78 anos quando estiver apto a ser solto, em 2045.
(Reportagem de Jonathan Stempel em Nova York)