BRASÍLIA (Reuters) - A arrecadação do governo federal teve alta real de 6,67% em janeiro sobre o mesmo mês do ano anterior, a 280,636 bilhões de reais, informou a Receita Federal nesta quinta-feira, com ganhos atípicos gerados pela taxação de fundos de investimentos operados por brasileiros de alta renda.
O número de janeiro representa o melhor resultado já registrado para todos os meses da série histórica da Receita, iniciada em 1995.
De acordo com os dados, o desempenho do mês passado foi explicado pelo comportamento dos principais indicadores econômicos, que afetam a arrecadação, com destaque para a ampliação da massa salarial e do valor das importações.
Segundo a Receita, houve crescimento na arrecadação de Imposto de Renda sobre rendimento de capital por conta da nova lei que mudou a taxação de fundos exclusivos e offshore, permitindo pagamento antecipado por parte dos investidores. Somente esse fator rendeu 4,1 bilhões de reais aos cofres do governo no mês.
Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia antecipado que o dado da arrecadação no mês seria positivo, ressaltando o impacto do ganho extraordinário gerado pelo pagamento dos tributos desses fundos, em sua maioria usados por contribuintes de alta renda.
Outro fator que contribuiu positivamente para o dado do mês foi uma melhora na arrecadação de Pis/Cofins em razão da reoneração de combustíveis. Também houve alta no pagamento de impostos incidentes sobre a rentabilidade de empresas, especialmente por instituições financeiras.
Em janeiro, os recursos administrados pela Receita, que englobam a coleta de impostos de competência da União, tiveram alta real de 7,07% sobre o mesmo mês do ano passado, a 262,875 bilhões de reais.
Já as receitas administradas por outros órgãos, com peso grande de royalties sobre a exploração de petróleo, tiveram alta real no mês passado de 1,08%, a 17,761 bilhões de reais.
O desempenho expressivo de janeiro dá força à busca da equipe econômica pela obtenção de um déficit fiscal zero neste ano e pode reduzir a necessidade de bloqueios em verbas de ministérios nos próximos meses para alcançar esse objetivo.
(Por Bernardo Caram)